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Sudão. Campo de Tawila à beira do colapso sob pressão de 100.000 novos refugiados
Milhares de pessoas morreram na queda de Al Fashir, capital do Darfur do Norte, às mãos das milícias paramilitares Forças de Apoio Rápido do Sudão. Em menos de um mês, mais de 100.000 fugiram para cidades e campos de refugiados vizinhos e o destino de outras tantas é incerto.
De acordo com a ONG Norwegian Refugee Council, NRC, desde 26 de outubro, no meio de um caos generalizado e sob pressão de grupos armados que bloqueiam estradas entre atrocidades, a maioria dos refugiados tem procurado Tawila, um assentamento que, em maio, acolhia já 200.000 pessoas.
"Ao chegar ao topo da última colina em Tawila, vê-se o que parece ser uma cidade improvisada a emergir do deserto, uma vasta massa de abrigos que se estende em direção às montanhas", descreve Noah Taylor, diretor de operações do NRC em Tawila.
O acampamento "explodiu" nas últimas duas semanas, acrescenta, "transformando-se num mega-assentamento, com milhares e milhares de pessoas deslocadas", afirma. "As famílias chegam aos poucos, exaustas e famintas, em busca de familiares dos quais foram separadas no caos", refere Taylor. A maioria "chega apenas com a roupa do corpo".
"Já estamos a ver os riscos de doenças a aumentar", referiu Taylor, apelando a donativos urgentes. "A menos que chegue uma grande quantidade de ajuda humanitária, as condições vão deteriorar-se muito rapidamente".
Apesar da dificuldade de resposta, "as famílias continuam a reunir-se nos pontos de acolhimento todos os dias, em busca de materiais para abrigo, cobertores para o frio da noite, bem como para se inscreverem e receberem assistência alimentar", afirma o NRC num relatório enviado às redações esta quinta-feira.
"Dezoito meses de cerco, combates brutais, ataques deliberados contra civis e o colapso dos serviços básicos em Al Fashir levaram as pessoas a este ponto", explica Taylor.
A queda da cidade de El Fashir no final de outubro de 2025 marca um ponto de rotura na guerra civil no Sudão, com o colapso do último grande bastião das Forças Armadas Sudanesas no Sudão Ocidental.
A captura da capital do Darfur do Norte não ocorreu de forma isolada. De acordo com uma análise publicada a 20 de novembro de 2025, o avanço das RSF aconteceu apenas dois meses após o seu líder, Mohamed Hamdan Dagalo - mais conhecido por Hemedti - ter declarado um governo paralelo em Nyala, no Darfur do Sul.
Esta divisão leste-oeste no Sudão está agora praticamente completa, com as RSF a consolidarem o poder no oeste enquanto as FAS se agarram ao leste.
As consequências para os civis têm sido catastróficas.
"Ao chegar ao topo da última colina em Tawila, vê-se o que parece ser uma cidade improvisada a emergir do deserto, uma vasta massa de abrigos que se estende em direção às montanhas", descreve Noah Taylor, diretor de operações do NRC em Tawila.
O acampamento "explodiu" nas últimas duas semanas, acrescenta, "transformando-se num mega-assentamento, com milhares e milhares de pessoas deslocadas", afirma. "As famílias chegam aos poucos, exaustas e famintas, em busca de familiares dos quais foram separadas no caos", refere Taylor. A maioria "chega apenas com a roupa do corpo".
Muitas tentam construir abrigos com paus e cobertores. A maioria dorme em grupos, ao relento.
Os serviços de água, de saneamento e de abrigo de Tawila têm sido incapazes de acompanhar o ritmo das chegadas, aumentando o risco de doenças.
"Já estamos a ver os riscos de doenças a aumentar", referiu Taylor, apelando a donativos urgentes. "A menos que chegue uma grande quantidade de ajuda humanitária, as condições vão deteriorar-se muito rapidamente".
Apesar da dificuldade de resposta, "as famílias continuam a reunir-se nos pontos de acolhimento todos os dias, em busca de materiais para abrigo, cobertores para o frio da noite, bem como para se inscreverem e receberem assistência alimentar", afirma o NRC num relatório enviado às redações esta quinta-feira.
"Dezoito meses de cerco, combates brutais, ataques deliberados contra civis e o colapso dos serviços básicos em Al Fashir levaram as pessoas a este ponto", explica Taylor.
"Sem acessos seguros e um aumento significativo do financiamento, este acampamento não resistirá ao que está para vir", alerta. As RSF tiveram origem nas milícias Janjaweed, usadas pelo governo sudanês durante a Guerra do Darfur, tendo sido depois integradas como forças auxiliares do exército sudanês. Em 2021, auxiliaram as forças regulares a executar um golpe militar para assumir o poder mas, em 2023, os antigos aliados começaram a bater-se pelo controlo do Sudão.
A queda da cidade de El Fashir no final de outubro de 2025 marca um ponto de rotura na guerra civil no Sudão, com o colapso do último grande bastião das Forças Armadas Sudanesas no Sudão Ocidental.
A captura da capital do Darfur do Norte não ocorreu de forma isolada. De acordo com uma análise publicada a 20 de novembro de 2025, o avanço das RSF aconteceu apenas dois meses após o seu líder, Mohamed Hamdan Dagalo - mais conhecido por Hemedti - ter declarado um governo paralelo em Nyala, no Darfur do Sul.
Esta divisão leste-oeste no Sudão está agora praticamente completa, com as RSF a consolidarem o poder no oeste enquanto as FAS se agarram ao leste.
As consequências para os civis têm sido catastróficas.