Economia
Suíça quer reverter tarifas de Trump com "oferta mais atrativa"
Após a ausência de acordo e de Donald Trump ter elevado a fasquia das tarifas alfandegárias dos produtos suíços para 39 por cento, a Suíça pretende continuar a negociar com os Estados Unidos, "se necessário após 7 de agosto". Berna anunciou esta segunda-feira que vai apresentar uma "oferta mais atrativa" a Washington, numa tentativa de salvar a economia nacional.
O governo suíço anunciou esta segunda-feira a intenção de prosseguir uma nova fase de negociações com Washington. "O Conselho Federal decidiu prosseguir as negociações com os Estados Unidos, se necessário para além de 7 de agosto. Está em contacto com os setores económicos suíços afetados e com as autoridades americanas", anunciou o governo alpino no X.
#DécisionCF Droits de douane : le Conseil fédéral a décidé de poursuivre les négociations avec les Etats-Unis, si besoin au-delà du 7 août. Il est en contact avec les branches concernées de l'économie suisse et avec les autorités américaines: https://t.co/Z13EQrysMa @DefrWbf
— Bundesrat • Conseil fédéral • Consiglio federale (@BR_Sprecher) August 4, 2025
Em véspera de dia nacional, que se celebrou 1 de agosto, a presidente da Confederação suíça Karin Keller-Sutter anunciou nas redes sociais o fracasso das negociações com o presidente americano Donald Trump, que horas mais tarde elevou as tarifas de 31% para 39% sobre os produtos suíços importados para os EUA a partir de 7 agosto. Um verdadeiro choque para os helvéticos.Trump justifica as taxas alfandegárias de 39% impostas à Suíça com "um défice de 40 mil milhões" de francos
Após consulta do tecido empresarial suíço e de uma reunião de crise, o governo suíço anunciou que prosseguirá as negociações com Washington com vista a chegar a um acordo comercial. "A fim de melhorar a situação em matéria de direitos aduaneiros e tendo em conta as preocupações dos Estados Unidos, a Suíça abordará esta nova fase com a vontade de apresentar uma oferta mais atrativa aos Estados Unidos", explica o executivo em comunicado.
À luz do comércio bilateral, que "quadruplicou nos últimos vinte anos", o Conselho Federal deseja manter "relações económicas dinâmicas" com Washington e não prevê, para já, nenhuma contramedida.
No seu comunicado, o Governo suíço rejeita a acusação de práticas comerciais "desleais" feita por Trump e pelo contrário afirma que a Suíça eliminou unilateralmente todos os direitos aduaneiros sobre produtos industriais a 1 de janeiro de 2024.
O Governo suíço considera que as taxas americanas são "particularmente elevadas" em comparação com as taxas impostas a outros parceiros comerciais dos EUA com a mesma estrutura económica, nomeadamente a União Europeia, que alcançou um acordo de 15 por cento, o Japão (15%) ou o Reino Unido (10%).
Dezenas de milhares de emprego em risco
Após a decisão da Administração Trump, dezenas de milhares de postos de trabalho podem estar em risco na Suíça, de acordo com Urs Furrer, diretor da União Suíça de Artes e Ofícios (USAM), escreve o Tribune de Genève.
"Se esses direitos aduaneiros entrarem efetivamente em vigor na
quinta-feira, não haverá apenas um aumento do desemprego parcial, mas um
aumento geral do desemprego", adverte Urs Furrer, numa entrevista à agência de notícias Keystone-ATS.
Segundo Urs Furrer, as consequências das tarifas de 39% são "dramáticas" e podem ter uma repercussão fatal em muitas empresas suíças, em particular nas pequenas e médias empresas (PME), que arriscam perder o mercado americano.
O desemprego parcial, uma solução para as empresas suíças?
No seu comunicado, o governo suíço acrescenta ainda que "a indemnização por redução do horário de trabalho é um instrumento comprovado" para evitar despedimentos em caso de perdas de emprego temporárias e inevitáveis, caso o aumento das tarifas americanas anunciadas por Trump entre em vigor esta quinta-feira.
O Conselho Federal assegura que está a analisar a situação em permanência e as suas repercussões na economia suíça e que serão tomadas medidas
rapidamente, se necessário.
Após o desfecho fracassado das primeiras negociações e o novo anúncio de Washington, na semana passada, a Bolsa suíça abriu esta segunda-feira em queda acentuada, recuando mais de 2 por cento.
Foi a primeira reação ao anúncio, uma vez que os mercados suíços
estiveram fechados na sexta-feira devido ao feriado nacional.