Testes rápidos, escassez de profissionais e uso de máscaras. As reações ao plano da DGS para os próximos meses de pandemia

por RTP
Eric Gaillard - Reuters

O bastonário da Ordem dos Médicos considera que os chamados "testes rápidos" poderão permitir quebrar cadeias de transmissão com maior celeridade. Já a bastonária da Ordem dos Enfermeiros alerta para a escassez de profissionais de saúde para fazer face aos próximos meses. São as reações ao plano da DGS para enfrentar a pandemia no outono-inverno.

Miguel Guimarães, bastonário da Ordem dos Médicos, considera que o plano de Inverno para a pandemia é muito conceptual e pouco prático.

Em declarações ao Bom Dia Portugal, o responsável acredita que os maiores desafios nos próximos meses terão que ver com a resposta aos doentes não-Covid e à gripe sazonal.

Miguel Guimarães reforça ainda a necessidade de recorrer à ajuda do setor social e do setor privado para responder a esses dois desafios mas também ao aumento de casos de infeção que se tem registado. "Vamos precisar da ajuda do setor social e privado", reforça.

O bastonário da Ordem dos Médicos defendeu ainda a importância dos chamados "testes rápidos", considerando que estes irão permitir quebrar cadeias de transmissão com maior celeridade.

Por fim, o responsável considera que a máscara deve ser utilizada nos espaços públicos ao ar livre em ruas mais movimentadas, uma vez que protege da Covid-19, mas também da gripe sazonal.
Situação nos lares

Ana Rita Cavaco, bastonária da Ordem dos Enfermeiros, considera que o plano do Governo para fazer face à segunda vaga da pandemia é globalmente positivo, uma vez que vem impor uma política de testagem regular aos profissionais de saúde.

Também em declarações ao Bom Dia Portugal, a responsável considera que a questão da operacionalização do plano vai ser o maior problema nas próximas semanas.

Ana Rita Cavaco alerta para o período de gripe que se aproxima, com muitos doentes que se acumulam nos serviços de saúde.

A bastonária da Ordem dos Enfermeiros refere ainda que não há enfermeiros suficientes, com mais de 20 mil destes profissionais portugueses a trabalharem fora do país. A responsável considera que a escassez de enfermeiros afeta sobretudo nos lares.
Uso de máscaras ao ar livre
Jorge Roque da Cunha, do Sindicato Independente dos Médicos, destaca que o plano de inverno para enfrentar uma eventual segunda vaga da pandemia foi feito "nas costas" dos médicos.

No Bom Dia Portugal da RTP, o responsável defendeu ainda o uso obrigatório de máscaras, mesmo ao ar livre, e um regime de penalização mais significativo para os doentes infetados que violam o confinamento.

Roque da Cunha refere ainda que os hospitais privados deveriam ter sido incluídos neste plano e que as dificuldades e a falta de investimento na saúde ao longo dos últimos anos está a prejudicar a resposta que é dada à pandemia.
Menos médicos
Noel Carrilho, presidente da Federação Nacional dos Médicos, considera que há um "crescente distanciamento da realidade por parte do Ministério e da ministra".

Em declarações ao Bom Dia Portugal, o responsável refere que não houve um reforço suficiente de reforços humanos e que já havia falta de médicos ainda antes da pandemia.

"Temos menos médicos que no início da pandemia e por isso não podemos falar em reforço", aponta.
“Situação já se começou a degradar”

Ricardo Mexia, presidente da Associação Nacional de Médicos de Saúde Pública, considera que a situação já se começou a degradar com o aumento de casos registado nas últimas semanas.


O responsável considera ainda que o reforço dos meios prometido não se tem concretizado na prática.


pub