Trump. Navio norte-americano abateu drone iraniano no Estreito de Ormuz

por Graça Andrade Ramos - RTP
O USS Boxer, a navegar no Mar da Arábia Reuters

O Presidente norte-americano congratulou-se esta quinta-feira com a notícia de que um navio de guerra norte-americano abateu um drone identificado como iraniano. De acordo com Donald Trump, o aparelho aproximou-se perigosamente do USS Boxer, um navio anfíbio, que tomou uma "atitude defensiva".

É o incidente mais recente entre nortes-americanos e iranianos na zona, afetada desde há dois meses pelo agravamento da tensão entre ambos.

Depois de "ignorar várias ordens para se afastar", tornando-se "uma ameaça para o navio e para a tripulação", o "drone foi imediatamente destruído", revelou Trump, descrevendo o incidente como "a mais recente nas numerosas ações provocadoras e hostis do Irão, contra os navios que operam em águas internacionais".


"Os Estados Unidos reservam-se o direito de defender o seu pessoal, os seus equipamentos e os seus interesses, e apelam todas as nações a condenar as tentativas do Irão de perturbar a liberdade de navegação e de comércio internacional", acrescentou.

Um porta-voz do Pentágono, Jonathan Hoffman, referiu que o drone foi abatido cerca das 10h00 locais [05h30 GMT], quando o USS Boxer se preparava para entrar no estreito de Ormuz.

Em Nova Iorque, antes de entrar para uma reunião com o secretário-geral da ONU, António Guterres, o ministro iraniano dos Negócios Estrangeiros, Mohammad Javad Zarif, afirmou desconhecer por completo a ocorrência.

"Não temos informação sobre termos perdido um drone hoje", disse Zarif aos jornalistas que o inquiriram no edifício das Nações Unidas.
Uma longa lista de "incidentes"
Teerão afirma ter por seu lado abatido, a 20 de junho, um drone norte-americano que se encontrava, garante, no espaço-aéreo iraniano.

Dois dias depois, Donald Trump afirmou ter recuado no último minuto na ordem de atacar o Irão em represália, para evitar um grande número de vítimas humanas. Manteve contudo a retórica ameaçadora.Nos últimos dias, têm surgido informações, não confirmadas, de que Teerão estará a utilizar drones para espiar bases, tropas e navios norte-americanos, em áreas vizinhas do Irão.

A região do Golfo e do Estreito de Ormuz, por onde transita um terço do petróleo encaminhado por via marítima, tornou-se o centro geopolítico do braço de ferro entre Teerão e Washington, esta última apoiada pelo seu maior aliado local, o reino da Arábia Saudita, eterno rival do Irão.

Os norte-americanos pretendem formar uma coligação internacional para escoltar os petroleiros e outros navios no Golfo. Esta quinta-feira, em visita a uma base aérea na Arábia Saudita, o chefe do comando central norte-americano, Kenneth McKenzie, prometeu agir "energicamente" para garantir a segurança do transporte marítimo na zona.

Os Estados Unidos reforçaram a sua presença militar na região, depois de acusarem os iranianos de tentarem sabotar quatro navios na zona de Ormuz, em maio, e de estarem por trás de dois ataques de origem desconhecida em junho, contra dois petroleiros - um japonês e outro norueguês - ao largo das costas iranianas do Mar de Omã. Teerão rejeita as acusações.

Horas antes do incidente desta quinta-feira, os Guardas da Revolução, o exército da República Islâmica iraniana, anunciaram ter arrestado dia 14 de julho no Estreito de Ormuz, "um petroleiro estrangeiro" e a sua tripulação, sob acusação de "contrabando" de combustível.

Há dois dias, o líder supremo do Irão, Ali Khamenei, anunciou por seu lado que o seu país irá responder "no momento e lugar oportunos" à interceção, a quatro de julho, de um petroleiro iraniano por autoridades britânicas, ao largo de Gibraltar.

Nos dias seguintes, Londres enviou para a zona vasos de guerra para escoltar o trânsito de navios britânicos.
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