Ucrânia. Alemanha está pronta para receber desertores russos

por RTP
A ofensiva militar lançada pela Rússia na Ucrânia já causou a fuga de mais de 13 milhões de pessoas desde o início da guerra. Essi Lehto - Reuters

A Alemanha disse esta quinta-feira estar pronta para receber desertores do Exército russo "ameaçados com uma grave repressão". O anúncio da ministra alemã do Interior chega um dia depois de o presidente russo, Vladimir Putin, ter decidido a mobilização parcial de reservistas para a guerra na Ucrânia.

"Qualquer um que se oponha corajosamente a Putin e que, assim, se coloque em grande perigo, pode solicitar asilo político na Alemanha", assegurou Nancy Faeser em entrevista ao jornal Frankfurter Allgemeine Zeitung.

No entanto, a obtenção de asilo político não é automática: são decisões individuais acompanhadas por um controlo de segurança, recordou Nancy Faeser.

Segundo a ministra, ao longo dos últimos meses a Alemanha já recebeu 438 opositores do Kremlin, ameaçados ou acusados pelas autoridades russas, em particular jornalistas.

Também o ministro alemão da Justiça, Marco Buschmann, escreveu no Twitter que os russos que fogem do seu país "porque odeiam o caminho de Putin e amam a democracia liberal" são bem-vindos.


Desde quarta-feira, quando Putin anunciou a mobilização parcial de militares reservistas, um grande número de russos tem-se apressado a comprar voos para fora do país, com muitos deles já esgotados por esta altura.

O preço dos voos de Moscovo para Istambul ou para o Dubai aumentou em poucos minutos e chegou a alcançar os 9.200 euros para um voo só de ida em classe económica.

Muitos terão tido receio de que Putin mandasse fechar as fronteiras ou que decidisse enviar civis de idade mais avançada para a guerra, além dos reservistas.

A ofensiva militar lançada pela Rússia na Ucrânia já causou a fuga de mais de 13 milhões de pessoas - mais de seis milhões de deslocados internos e mais de 7,4 milhões para os países europeus -, de acordo com os mais recentes dados da ONU, que classifica esta crise de refugiados como a pior na Europa desde a Segunda Guerra Mundial.
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