Ucrânia e Portugal acordam produção conjunta de drones marítimos

O primeiro-ministro português está este sábado na Ucrânia. Num encontro com Volodymyr Zelensky, Portugal e Ucrânia chegaram a acordo sobre a produção de drones marítimos.

RTP /
Foto: Manuel de Almeida - Lusa

Lisboa e Kiev acordaram este sábado a produção conjunta de drones marítimos. A revelação foi feita pelo assessor do presidente ucraniano no dia em que o primeiro-ministro português, Luís Montenegro, está na Ucrânia para reforçar o apoio a este país.

Alexander Kamyshin escreveu, na rede social X, que os drones "funcionam na perfeição contra navios de guerra e submarinos russos".

O assessor termina a dizer que "agora vão ajudar Portugal a defender a Europa pelo mar".

A informação foi conhecida depois de Luís Montenegro e Volodymyr Zelensky terem estado juntos numa homenagem, no Muro da Memória, em Kiev.

Esta é a primeira visita de Luís Montenegro à Ucrânia, país invadido pela Rússia a 24 de fevereiro de 2022, desde que chefia o Governo PSD/CDS-PP.

Em conferência de imprensa lado a lado com o presidente ucraniano, Luís Montenegro afirmou que "Portugal e a Ucrânia têm, ao nível dos veículos não tripulados, um conhecimento que é hoje a vanguarda do mundo", destacou.

O primeiro-ministro anunciou a disponibilidade para produzir em Portugal "drones com tecnologia e conhecimento científico ucraniano", assim como disponibilidade do país para levar a experiência e conhecimento científico a sua "capacidade produtiva para a Ucrânia".

"É mesmo esse o objetivo do acordo que nós celebrámos", explicou.

Luís Montenegro disse ainda que Portugal e Ucrânia querem que este encontro signifique "um ponto de viragem" nas relações económicas entre os dois países, anunciando a realização de um fórum económico bilateral no próximo ano.Cabos "absolutamente fundamentais"
Segundo Montenegro, este acordo sobre os drones subaquáticos permitirá aos dois países levar "mais longe" o seu conhecimento e competência tecnológica para defender o seu espaço marítimo e as suas infraestruturas críticas.

"No caso português, por exemplo, não nos esqueçamos que os cabos marítimos que atravessam a nossa zona marítima são absolutamente fundamentais para as comunicações da Europa com o continente americano, com o continente africano e também com o Médio Oriente", afirmou.

Montenegro salientou que a cooperação com a Ucrânia - que atingiu em apoio militar este ano 227,5 milhões de euros - "não é apenas militar, é também política", destacando o acordo alcançado no plano europeu.

"Esta é também uma semana onde, para além do apoio financeiro de 90 mil milhões de euros que a União Europeia dará à Ucrânia em 2026 e 2027, para além do congelamento permanente dos ativos russos, também ficou bem reforçado o empenhamento no processo de adesão da Ucrânia à União Europeia, processo que merece, de resto, um apoio inequívoco de Portugal", disse.

Questionado se Portugal considera que a Ucrânia pode estar em condições de aderir à UE no início de 2027, Montenegro foi cauteloso, dizendo que se trata de um processo complexo, mas assegurou que o país estará "100 por cento empenhado" em que aconteça o mais rápido possível.
"A Ucrânia precisa de apoio"
O líder do Executivo português, acompanhado pelo ministro da Defesa, Nuno Melo, viajou num comboio noturno para Kiev a partir da estação ferroviária de Medyka (Polónia), tendo desembarcado na estação ferroviária de Kiev às 08h13 (menos duas horas em Lisboa).

"Esta visita é sobretudo a expressão - e não propriamente um anúncio - de um apoio que tem sido continuado desde o primeiro minuto em que a agressão injustificada, injusta da Rússia se iniciou, que Portugal tem estado ao lado da Ucrânia e dos ucranianos", afirmou o primeiro-ministro aos jornalistas à chegada à estação ferroviária de Kiev, esta manhã.

Montenegro admitiu que, apesar de já ter feito várias viagens neste ano e meio à frente do Governo PSD/CDS-PP, esta visita à Kiev tem "um significado muito especial por estarmos num país que foi agredido, está a ser agredido, invadido, está sob guerra".

"Mais do que qualquer outro, está naturalmente mais carente da nossa solidariedade e da nossa proximidade, para não dizer mesmo do nosso afeto, é isso que nós também trazemos", afirmou.

O primeiro-ministro português acrescentou que, nesta altura, "a Ucrânia precisa de apoio financeiro, não vale a pena ignorá-lo".

"Portugal tem-no feito do ponto de vista bilateral, Portugal tem ajudado a Ucrânia em múltiplos programas da mais variada índole: do ponto de vista humanitário, do ponto de vista social, do ponto de vista militar, do ponto de vista político, mas Portugal tem também uma relação que é uma relação de proximidade entre as nossas comunidades e os governos também têm a obrigação de representar e expressar pelo povo aquilo que o povo todo sente", afirmou.

c/ Lusa

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