Ucrânia. Rússia diz que EUA e NATO falharam na resposta às "principais preocupações"

por Mariana Ribeiro Soares - RTP
Reuters

A Rússia não vê “muito espaço para otimismo” na resposta de Washington às suas exigências, afirmando que os EUA e a NATO falharam em responder “às principais preocupações”, nomeadamente o alargamento da aliança à Ucrânia. Apesar disso, a Rússia vê agora mais abertura ao diálogo.

Os EUA cumpriram o prazo de resposta às exigências da Rússia no dossier Ucrânia e enviaram, na quarta-feira, um documento escrito a Moscovo onde apresentam propostas para resolver a crise em Kiev.

Washington não cedeu à exigência russa sobre o não alargamento da aliança à Ucrânia, apesar das constantes ameaças de uma possível invasão a Kiev por parte da vizinha Rússia.

Apesar de não fazer concessões, o secretário de Estado norte-americano, Anthony Blinken, disse que oferece "uma via diplomática séria, se a Rússia desejar" e mostrou-se disposto a falar com o seu homólogo russo, Sergei Lavrov, "nos próximos dias".
A Rússia, por sua vez, disse que a resposta dos EUA e da NATO não deixa “muito espaço para o otimismo”. “Com base no que os nossos colegas disseram ontem, (…) não podemos dizer que as nossas opiniões tenham sido levadas em consideração ou que foi demonstrada uma disposição para levar as nossas preocupações em consideração”, disse o porta-voz do Kremlin Dmitry Peskov.

"Mas não nos vamos apressar com as nossas avaliações", afirmou.

Apesar de os EUA não abordarem “as principais preocupações de Moscovo”, nomeadamente a expansão da NATO, Sergei Lavrov considera que a resposta de Washington dá abertura ao diálogo. O chefe da diplomacia da Rússia disse que a resposta de Washington “dá esperança para o início de uma conversa séria”, mas apenas sobre questões secundárias e não sobre as fundamentais.

Lagrov afirmou que o presidente russo Vladimir Putin irá, agora, avaliar a resposta de Blinken, mas deixou claro que a Rússia “não se apressará a fazer avaliações”, afirmando que “levará tempo” a analisar uma resposta.
NATO diz ter cinco mil militares a postos
Em dezembro, Moscovo enviou a Washington uma a lista de propostas que incluía, entre outras exigências, o não alargamento da NATO à Ucrânia e à Geórgia, assim como a retirada das forças e armamentos dos países do leste europeu que aderiram à aliança após o fim da Guerra Fria. Nas últimas semanas, a Rússia tem vindo a acomodar um grande número de tropas na fronteira com a Ucrânia – algo que os países ocidentais veem como uma preparação para uma eventual invasão, apesar de a Rússia negar.

Na quarta-feira, o secretário-geral da NATO, Jens Stoltenberg, apelou à Rússia “a parar de imediato com a escalada”, anunciando que tem cinco mil militares a postos para "proteger os seus aliados".


Blinken disse que a resposta dos EUA deixou os seus "princípios fundamentais" claros, incluindo a soberania da Ucrânia e o seu direito de escolher fazer parte de alianças como a NATO.

"Não deve haver dúvidas sobre a nossa seriedade quando se trata de diplomacia, e estamos a agir com igual foco e força para reforçar as defesas da Ucrânia e preparar uma resposta rápida e coesa a novas acometidas russas", disse o secretário de Estado norte-americano.

"Resta à Rússia decidir como responder", acrescentou Blinken. "Estamos prontos de qualquer das formas", rematou.
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