A União Europeia está a considerar expandir as sanções já em vigor contra o Irão após o ataque a Israel no fim de semana passado, anunciou o alto representante da UE para os Negócios Estrangeiros, Josep Borrell, esta terça-feira. Os EUA também já anunciaram que "não hesitarão" em reforçar as sanções contra Teerão e esperam mesmo anunciá-las "nos próximos dias".
Em conferência de imprensa no final da reunião, o alto representante da UE para os Negócios Estrangeiros anunciou que o serviço diplomático da União Europeia vai começar a trabalhar na expansão das sanções contra a Irão, depois de vários Estados-membros terem apresentado uma proposta nesse sentido.
“Vou enviar ao Serviço de Ação Externa o pedido para iniciar os trabalhos necessários relacionados com estas sanções”, anunciou.
Segundo Borrell, a proposta – apoiada em particular pela França e Alemanha – visa expandir as sanções contra o Irão para incluir os mísseis que Teerão venha a disponibilizar à Rússia e a agentes sob influência iraniana no Médio Oriente.
O alto representante da UE para os Negócios Estrangeiros e Política de Segurança alertou que até hoje não há evidências de que Teerão esteja a fornecer mísseis a Moscovo, mas as sanções podem "incluir já essa possibilidade".
O atual regime de sanções, que atualmente diz respeito apenas ao Irão, também poderia ser alargado aos aliados de Teerão no Médio Oriente, como o Hezbollah do Líbano ou os rebeldes Houthi no Iémen, explicou ainda o chefe da diplomacia europeia.
Borrell anunciou que alguns Estados-membros pediram também que fosse aplicado um regime de sanções contra aqueles que fornecem ao Irão os componentes utilizados para o fabrico e produção de veículos não pilotados. “Isto já existe, foi aprovado pelo Conselho Europeu em julho de 2023”, explicou.
Em julho de 2023, a União Europeia adotou medidas restritivas devido ao apoio militar do Irão à guerra da Rússia contra a Ucrânia, incluindo a imposição de uma proibição à exportação da UE para o Irão de componentes utilizados no fabrico de drones.
Alguns dos 27 pediram também sanções contra a Guarda Revolucionária do Irão, mas Borrell explicou que para se avançar com esta medida, “é preciso ter uma decisão tomada por uma autoridade nacional relacionada com o caso de atividades terroristas em que esta Guarda Revolucionária esteja envolvida”. “Não é o caso nesta altura”, acrescentou.
“Todos os ministros da UE condenaram fortemente o ataque iraniano a Israel e reafirmaram o seu compromisso com a segurança de Israel”, disse Josep Borrell, acrescentando que os ministros do bloco “pediram a todos os atores do Médio Oriente que se afastem do abismo”.
"Precisamos de nos afastar do abismo (...), a região não precisa disso, o mundo não precisa disso, as pessoas em Gaza não precisam disso, o sofrimento delas só vai continuar a aumentar", advertiu o chefe da diplomacia europeia.
EUA preparam-se para aplicar novas sanções
Os EUA também já anunciaram que “não hesitarão” em reforçar as sanções contra o Irão e esperam mesmo anunciá-las “nos próximos dias”.
“O [Departamento do] Tesouro não hesitará em trabalhar com os nossos aliados para usar o nosso poder de sanções para continuar a perturbar as atividades malignas e destabilizadoras do regime iraniano”, advertiu a secretária do Tesouro norte-americana, Janet Yellen, esta terça-feira.
“Espero que tomemos sanções adicionais contra o Irão nos próximos dias”, acrescentou, salientando que “as ações do Irão ameaçam a estabilidade da região e poderão ter repercussões económicas”.
Israel apelou à comunidade internacional para decretar sanções ao Irão e considerar a Guarda Revolucionária Islâmica como organização terrorista.
Telavive já prometeu que vai responder ao ataque iraniano de sábado, no qual foram lançados mais de 300 mísseis e drones. O Irão, por sua vez, advertiu que a mais pequena ação” de Israel contra “os interesses do Irão” provocará “uma resposta severa do seu país”.
c/agências