Unesco. Meninas frequentam mais a escola mas igualdade ainda está longe

por Mário Aleixo - RTP
Ainda faltam meninas nas eacolas Mohammed Salem - Reuters

A frequência da escola por meninas de todo o mundo aumentou muito nos últimos 25 anos, com mais 180 milhões matriculadas, mas a igualdade de género na educação ainda está longe, denunciou a Unesco.

Um relatório da Unesco (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura), divulgado por ocasião do Dia Internacional das Meninas , que se assinala no domingo, indica que mais 180 milhões de meninas se matricularam no ensino primário e secundário desde 1995, quando foi assinada a Declaração e Plataforma de Ação de Pequim, um compromisso de 189 países para desenvolver os direitos das meninas e das mulheres.

No entanto, apesar do aumento da taxa global de matrículas na escola por parte das meninas - de 73% para 89% em todos os níveis de ensino -, as raparigas continuam a ser mais excluídas do que os meninos, situação que a atual pandemia da Covid-19 está a exacerbar, alerta a Unesco.

Por isso, a organização apela aos governos que aumentem o esforço de combate à discriminação de género, "para alcançar a igualdade na próxima geração de meninas", refere no relatório "Uma Nova Geração: 25 anos de esforços para a igualdade de género na educação".

"Todos sabemos que a educação é a pedra angular da igualdade - e a educação de meninas e mulheres é o primeiro passo para um mundo com mais igualdade de género", afirmou a diretora-geral da Unesco, Audrey Azoulay.

"Embora estejamos felizes em relatar o progresso alcançado na educação de meninas e mulheres por meio dos esforços contínuos da comunidade internacional, esta publicação também mostra que ainda estamos a falhar com os mais desfavorecidos", referiu, acrescentando que três quartos de todas as crianças que nunca irão à escola são meninas".

Segundo a responsável, o apelo da organização é ainda mais necessário numa altura em que a covid-19 está "a exacerbar as desigualdades de género", pelo que é preciso "renovar o compromisso com a educação de meninas e mulheres".

O relatório conclui que os estereótipos de que as mulheres são inadequadas para serem líderes são reforçados pela escassez de professoras no ensino superior.Números mostram a desigualdade
Globalmente, as mulheres representam 94 por cento dos professores no ensino pré-primário, mas apenas 43% no ensino superior e há ainda menos mulheres a ocupar cargos de liderança nas universidades e na administração da educação.

Outra das medidas defendidas pela Unesco são a atribuição de apoios a todas as meninas grávidas e pais jovens para que continuem a frequentar a escola.

Em muitos países, alerta, os livros didáticos ainda retratam as mulheres apenas em papéis tradicionais de limpeza ou cuidados da casa e nunca em posições sociais e económicas ativas.

Perante o cenário, a equipa que elaborou o relatório aproveitou para lançar uma campanha chamada #Iamthe1stGirl, que visa mostrar ao mundo o que acontece quando os governos investem na educação de meninas.

A campanha "tem como objetivo partilhar a contribuição positiva para a sociedade de milhões de mulheres que são as primeiras das suas famílias a concluir o ensino secundário ou a universidade", concluiu o documento.

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