Volodymyr Zelensky antecipa junto de Joe Biden a apresentação do seu "plano de vitória"
O presidente ucraniano admitiu, esta sexta-feira, esperar que o seu "plano de vitória", abra "caminho a uma paz confiável". Aguardava-se em novembro, a divulgação pública deste plano, durante mais uma cimeira sobre a guerra na Ucrânia, mas Biden vai ser informado de antemão.
"Este mês está previsto o nosso encontro com o presidente Biden. Irei apresentar-lhe um plano para a vitória", afirmou.
Zelensky descreveu este plano como "um conjunto de soluções interconectadas que darão à Ucrânia poder suficiente, coisas suficientes, para colocar a guerra na via da paz", sem se alongar em pormenores.
Esta quarta-feira, o líder ucraniano rejeitara uma proposta de paz sino-brasileira, considerando-a "destrutiva" e simples "declaração política".
"Não nos perguntaram nada", afirmou Zelensky em entrevista ao portal Metrópoles. "A Rússia aparece e diz que apoia a proposta do Brasil e da China. Nós não somos tolos. Para que serve esse teatro", questionou, referindo que o atual ocupante do Palácio do Planalto é "pró-russo".
"Vocês falaram com a Rússia sobre uma iniciativa, apresentaram esta iniciativa e disseram: 'esta é a nossa proposta'. Bem, definitivamente não se trata de justiça, não se trata de valores. Definitivamente é uma falta de respeito à Ucrânia", afirmou Zelensky.
Kursk com os "resultados esperados"
Em simultâneo com as declarações de Putin, militares de alta patente do exército russo descartaram a hipótese de negociações enquanto as forças ucranianas ocuparem a região fronteiriça de Kursk.
Esta sexta-feira, o presidente ucraniano mostrou-se confiante nesta operação, que teve por objetivo obrigar a Rússia a desviar atenções e meios da sua ofensiva na Ucrânia.
"Honestamente, teve os resultados esperados. Na região de Kharkiv [nordeste], o inimigo foi detido e a sua progressão na região de Donetsk [no leste] abrandou, mesmo se naquela área as dificuldades são múltiplas", revelou.
Zelensky afirmou que a Rússia foi forçada a colocar 40 mil homens em Kursk.
Esta quinta-feira o exército russo anunciou ter recuperado algumas localidades ocupadas pela Ucrânia, pela primeira vez desde o início da operação de Kiev lançada no início de agosto.
O presidente da Ucrânia reconheceu as perdas mas não se mostrou impressionado, limitando-se a referir que o contra-ataque russo estava "conforme" aos planos de Kiev.
Cedências dos aliados
Com menos recursos, de armamento, operacionais e humanos, do que a Rússia, a Ucrânia tem-se remetido à defensiva, com exceção da operação em Kursk. A superioridade aérea é uma das maiores vantagens russas.
Kiev tem insistido junto dos aliados ocidentais no pedido de autorização para usar mísseis fornecidos pelos países NATO de forma a atingir bases militares e outros alvos no interior da Rússia, sobretudo de forma a diminuir a capacidade aérea russa.
Os aliados sempre hesitaram em dar este passo, que pode ser entendido como um envolvimento direto da organização na guerra.
Esta sexta-feira surgiram sinais de que os Estados Unidos e o Reino Unido poderão finalmente ceder às pretensões de Kiev, após meses de recusa. Vladimir Putin, o presidente russo, reagiu com os habituais avisos.
Volodymyr Zelensky reconheceu esta sexta-feira que, no que diz respeito à paz, "o caminho a percorrer ainda é longo".
Num sinal de esperança, havia anunciado antes a libertação de 49 ucranianos, "militares e civis", detidos na Rússia e que "já regressaram a casa".
Ao anunciar a novidade na rede Telegram, Zelensky publicou várias fotografias dos soldados, incluindo mulheres, em território ucraniano e envoltos nas bandeiras azuis e amarelas, do país.
Entre os regressados encontram-se antigos combatentes da Azovstal, a siderurgia sitiada pelo exército russo em Mariupol (sudeste) na primavera de 2022.