Washington e Taipé prometem firmeza, China responde com exercícios militares

por Andreia Martins - RTP
No encontro entre Nancy Pelosi e Tsai Ing-wen, ambas as partes quiseram mostrar firmeza face à intransigência chinesa. EPA

Horas após a chegada a Taiwan, a líder da Câmara dos Representantes dos Estados Unidos garantiu que Washington não irá abandonar Taipé. Por seu lado, a presidente de Taiwan, Tsai Ing-wen, assegurou que a ilha vai manter-se firme face à ameaça militar chinesa. Pequim está a reagir com fúria a esta visita, ao desencadear vários exercícios militares navais.

Nancy Pelosi é a mais importante responsável norte-americana a visitar a ilha em 25 anos. A presidente da Câmara dos Representantes dos EUA aterrou em Taipé na terça-feira, um gesto que está a provocar indignação na China.

Na chegada ao território, a responsável esclareceu que a visita demonstra "inequivocamente que não vamos abandonar o nosso compromisso com Taiwan e que estamos orgulhosos da nossa amizade duradoura".

Ao seu lado, a presidente da ilha, Tsai Ing-wen, garantiu que Taiwan não irá recuar perante a ameaça das armas. "Face ao aumento deliberado das ameaças militares, Taiwan não irá recuar. Vamos continuar a defender a democracia", sublinhou. 

Na visita à ilha, Nancy Pelosi recebeu uma condecoração de Estado e também falou ao Parlamento local. Garantiu que os Estados Unidos continuam a respeitar a política de "uma China", mas a solidariedade com Taiwan "é mais importante do que nunca".

"Os Estados Unidos apoiam este status quo e não querem que nada aconteça em Taiwan com o uso da força", vincou durante a conferência de imprensa.

No discurso ao Parlamento em Taipé, a presidente da Câmara dos Representantes indicou ainda que quer aumentar a cooperação  parlamentar entre Taiwan e os Estados Unidos, considerando que a ilha tem "uma das sociedades mais livres do mundo".

Em resposta à visita de Nancy Pelosi, Pequim reagiu com indignação e anunciou uma série de exercícios militares que deverão decorrer junto à ilha como medida de retaliação.

A China considera Taiwan como parte do seu território e vê na visita de Nancy Pelosi uma grande provocação por parte de Washington.

Nas últimas horas, cerca de 21 aviões militares chineses entraram na Zona de Identificação da Defesa Aérea de Taiwan na terça-feira, indicou o Ministério da Defesa de Taiwan.
Exercícios militares nas águas territoriais de Taiwan
Pequim anunciou também novos exercícios militares, navais e aéreos, um dos quais deverá decorrer a cerca de 10 milhas (16 quilómetros) de Kaohsiung, uma cidade portuária no sul da Taiwan.

Os exercícios militares anunciados vão decorrer entre quinta-feira e domingo em seis zonas à volta da ilha da Taiwan. Alguns destes exercícios vão acontecer nas águas territoriais de Taiwan.

Para garantir as vias de comunicação com o resto do mundo, Taiwan está a negociar com o Japão e as Filipinas vias aéreas alternativas em resposta à pressão chinesa.

De acordo com a agência local Central News, o ministro dos Transportes de Taiwan, Wang Kwo-tsai, indicou que o país está a tentar resolver o "bloqueio" chinês, ao delinear novas rotas aéreas e marítimas que contornem as zonas dos exercícios militares.

Em Pequim, Hua Chunying, a porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros, disse que os exercícios militares anunciados pela China não deverão provocar constrangimentos de navegação junto à ilha e que as movimentações não constituem um "bloqueio" contra Taiwan.

Por outro lado, a China anunciou também sanções económicas contra Taiwan na sequência da visita de Nancy Pelosi: Pequim proibiu nas últimas horas a importação de produtos de 100 empresas da ilha.

Ao nível diplomático, as autoridades chinesas convocaram o Embaixador norte-americano na China, Nicholas Burns. Ao diplomata norte-americano, o vice-ministro dos Negócios Estrangeiros prometeu ações de retaliação por parte da China.

"A natureza da visita de Pelosi é extremamente perversa e as consequências serão muito graves. Os Estados Unidos vão pagar pelo seu próprio erro, A China vai tomar as contra-medidas necessária sde foma resoluta", adiantou o vice-ministro chinês dos Negócios Estrangeiros, Xie Feng. 

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