"Xi Jinping, demite-te". Protestos contra "covid zero" na China sobem de tom

por Carlos Santos Neves - RTP
Pequim apresenta atualmente os índices mais altos de contágio. Os últimos dados oficiais apontam para mais de 4.300 novos casos de infeção diagnosticados no sábado Tingshu Wang - Reuters

Estão a acentuar-se as manifestações, em grandes centros urbanos da China, contra a política de apertadas restrições contra a propagação do SARS-CoV-2. Milhares de pessoas saíram nas últimas horas às ruas em Xangai, onde a polícia fez inúmeras detenções e houve palavras de ordem contra o presidente Xi Jinping e o Partido Comunista Chinês. Os protestos estenderam-se a Pequim e Nanjing.

Esta vaga de contestação da política de covid zero implementada pelo Governo chinês seguiu-se a um protesto em Urumqi, cidade do noroeste do país, onde a população viu nas regras de confinamento a causa das mortes de dez pessoas num incêndio que deflagrou quinta-feira numa torre de apartamentos.

Em Xangai, reporta a britânica BBC, alguns manifestantes gritaram mesmo palavras de ordem como “Xi Jinping, demite-te”, ou “Partido Comunista, afasta-te”. Frases raras entre uma das populações mais vigiadas do mundo. Outras pessoas em protesto empunharam bandeiras brancas. Houve também protestos em universidades da capital, Pequim, e de Nanjing.


Ouvida pela estação pública britânica, uma manifestante disse ter ouvido polícias a admitirem sentir a mesma revolta. “Eles vestem fardas, por isso estão a fazer o seu trabalho”, contrapôs.

Em declarações à Associated Press, outro manifestante contou que a polícia espancou um dos seus amigos e lançou gás pimenta na direção de outros dois.
Universitários em protesto
Têm sido difundidas, nas redes sociais, fotografias e vídeos de estudantes universitários em vigílias, em Pequim e Nanjing, pelas vítimas do incêndio de Urumqi. Foi o que aconteceu na Universidade Tsinghua, na capital, segundo um estudante citado pela France Presse.

Num gesto simbólico de desafio à censura do aparelho de Estado, um grupo de manifestantes de Pequim mostrou-se com cartazes em branco e entoou cânticos pela liberdade e a democracia.


Entre os vídeos divulgados nas redes, há imagens de pessoas a deitar por terra, no sábado, as vedações que circunscrevem o grande complexo habitacional de Tiantongyuan, no norte da capital.O portal especializado What’s On Weibo indica que vários utilizadores da rede social Weibo exprimiram apoio às vigílias e pediram aos participantes que se protegessem.


Os mais recentes números da Comissão Nacional de Saúde da China indicam que o país fixou, nas últimas 24 horas, um máximo de infeções: perto de 40 mil novos casos diagnosticados no sábado, a larga maioria sem quaisquer sintomas.

Pequim apresenta atualmente os índices mais altos de contágio. Os últimos dados oficiais apontam para mais de 4.300 novos casos de infeção diagnosticados no sábado, dos quais 82 por cento são assintomáticos.

Cerca de 1,8 milhões de pessoas estão atualmente em confinamento.

c/ agências
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