Yevgeny Prigozhin. Patrão do grupo Wagner queixa-se de "monstruosa burocracia" em Moscovo

por Carlos Santos Neves - RTP
Nesta fotografia captada em 2011, Evgeny Prigozhin, à esquerda, serve Vladimir Putin durante um jantar nos arredores de Moscovo Misha Japaridze - Reuters

Bakhmut, atualmente a cidade mais martirizada pelos combates no leste da Ucrânia, já estaria dominada pelas forças russas “se não houvesse uma monstruosa burocracia militar”. A crítica partiu na última noite do número um do grupo Wagner, força mercenária da Rússia. Yevgeny Prigozhin prevê que tal objetivo venha a ser concretizado até “março ou abril”.

“Penso que já teríamos tomado Bakhmut se não houvesse esta monstruosa burocracia militar e se não puséssemos cola nas rodas todos os dias”, afirma Prigozhin num vídeo publicado pelo serviço de imprensa do grupo Wagner na plataforma de mensagens Telegram.

O patrão da organização mercenária sustenta mesmo que, ao ter ficado privado, no início de fevereiro, de recrutar mais prisioneiros para as frentes da guerra na Ucrânia, em troca de amnistias, ficou com a estrutura “a sangrar”.O oligarca Yevgeny Prigozhin, à frente do grupo Wagner, é também proprietário de vários restaurantes e empresas de catering. Foi já apelidado de “cozinheiro de Putin”.

“A dado momento, o número de unidades vai baixar em consequência do volume de tarefas que queremos executar”, acrescenta Yevgeny Prigozhin

Num outro vídeo, divulgado pelo canal do Telegram WarGonzo, Prigozhin remete para “março ou abril” a tomada definitiva de Bakhmut, onde as forças russas têm enfrentado uma feroz resistência ucraniana. Para tal, admite, “é preciso cortar todas as rotas de abastecimento” das tropas de Kiev.

Na quarta-feira, em Washington, um grupo de senadores democratas e republicanos anunciou a intenção de voltar à carga com um projeto legislativo para que o Departamento de Estado classifique o grupo Wagner como organização terrorista estrangeira.

Encabeçado pelo democrata Ben Cardin e pelo republicano Roger Wicker, o grupo de legisladores prometeu reintroduzir o diploma intitulado “Responsabilizar Mercenários Russos” (HARM, na sigla em inglês), que ficou por aprovar no cair do pano sobre a anterior legislatura.Os paramilitares do grupo Wagner atuaram já em África e no Médio Oriente. Prigozhin admitiu ter também participado em esforços de ingerência nas eleições norte-americanas, criando o que ficou conhecido como “quinta de trolls” para levar a cabo operações de desinformação na internet.

Os dois senadores presidem à Comissão Helsínquia dos Estados Unidos, entidade governamental dedicada à defesa e promoção dos Direitos Humanos.

O grupo Wagner foi já designado pelo Departamento norte-americano do Tesouro, em janeiro, como organização criminosa transnacional responsável pelo desrespeito generalizado dos Direitos Humanos.

c/ agências
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