Zelensky em Washington para tentar romper impasse no Senado sobre ajuda à Ucrânia

por Cristina Sambado - RTP
O presidente ucraniano encontrou com Joe Biden em setembro Kevin Lamarque - Reuters

O presidente dos EUA, Joe Biden, convidou o homólogo ucraniano, Volodymyr Zelensky, para um encontro na Casa Branca, dias depois de a Administração norte-americana ter avisado que vai ficar, nas próximas semanas, sem verbas para a apoiar a Ucrânia, a menos que os senadores republicanos aprovem o pacote de ajuda.

A reunião, agendada para terça-feira, pretende “salientar o compromisso inabalável dos Estados Unidos em apoiar o povo da Ucrânia enquanto este se defende contra a invasão brutal da Rússia”, afirmou a Casa Branca num comunicado no domingo.

“À medida que a Rússia intensifica os seus ataques com mísseis e drones contra a Ucrânia, os líderes vão discutir as necessidades urgentes de Kiev e a importância vital do apoio contínuo dos Estados Unidos neste momento crítico”.Na passada semana, os senadores republicanos bloquearam 106 mil milhões de dólares em ajuda de emergência, principalmente para a Ucrânia e Israel, depois dos democratas terem recusado incluir novas medidas de combate à imigração no documento.

No domingo, o gabinete de Zelensky afirmou, na rede social Telegram, que o líder ucraniano chega a Washington esta segunda-feira e que se encontra com Biden durante uma visita de trabalho que incluiria “uma série de reuniões e discussões”.

Zelensky também foi convidado para discursar aos senadores dos EUA na manhã de terça-feira no Capitólio, avançou um assessor do Senado.

Uma reunião privada entre Zelensky e o presidente da Câmara dos Deputados dos EUA, Mike Johnson, também será realizada no Capitólio na terça-feira, revelou o porta-voz de Johnson, Raj Shah, em um e-mail à Reuters.

Estava previsto que o líder ucraniano se dirigisse aos senadores dos EUA por videoconferência na passada semana, mas teve de cancelar a presença de acordo com o líder da maioria no Senado, Chuck Schumer, de Nova Iorque. O Congresso já destinou 111 mil milhões de dólares para ajudar a Ucrânia e a diretora do orçamento de Biden, Shalanda Young, afirmou numa carta enviada, na passada semana, aos líderes da Câmara e do Senado que os EUA ficariam sem financiamento para enviar armas e assistência à Ucrânia até ao final do ano, o que iria prejudicar a Ucrânia no campo de batalha.

No domingo, em duas entrevistas televisivas, o secretário de Estado norte-americano afirmou que “os riscos são especialmente elevados para a Ucrânia”. Segundo Antony Blinken, os EUA estão “a ficar sem dinheiro para os ucranianos”.

Este é um momento para realmente avançarmos porque, se não o fizermos, sabemos o que acontece. Putin poderá avançar impunemente e sabemos que não irá parar na Ucrânia”.

Blinken afirmou ainda que Joe Biden está disposto a fazer concessões significativas para fazer avançar com o pacote de ajuda. “É algo em que o presidente está totalmente preparado para se envolver”, acrescentou.

Já o senador republicano Mitt Romney considera que há um acordo bipartidário de que algo precisa ser feito para lidar com o número recorde de migrantes que cruzam o México para os EUA.

Queremos resolver isso, garantir a segurança da fronteira. Acabei de ver o presidente dos Estados Unidos dizer que temos de proteger a fronteira. Ele tem razão. Portanto, qualquer esforço que não faça isso será rejeitado pelos republicanos”, insistiu Romney.

No entanto, Romney afirmou também que apoiava a ajuda à Ucrânia. “A minha opinião é que é do interesse da América ver a Ucrânia ter sucesso e fornecer as armas de que Kiev necessita para se defender. Qualquer coisa diferente disso seria um enorme abandono da nossa responsabilidade, creio eu, para com o mundo da democracia, mas também para com o nosso próprio interesse nacional”.
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