Toca a todos

Bastaram duas derrotas consecutivas do Benfica, com o Moreirense, para a Taça da Liga, e com o Vitória de Setúbal para o campeonato, para que o valor dos atuais campeões nacionais, liderados por Rui Vitória, começasse a ser posto em causa. A coisa assumiu proporções tais que um grupo de adeptos foi esperar a equipa à chegada ao Seixal, após a derrota do Bonfim, para lhes manifestar a sua insatisfação pelos resultados menos conseguidos. É certo que as duas derrotas não estavam nas cogitações de ninguém, principalmente dos benfiquistas, mas parece evidente que, ao longo de uma época, as equipas não ganham todos os jogos e é preciso nunca esquecer que o futebol continua a ser um jogo em que os adversários – grandes ou pequenos – têm sempre algo a dizer. Se assim não fosse o futebol tornava-se um aborrecimento gigantesco e perdia toda a graça.

Até esta altura os encarnados realizaram trinta e quatro jogos oficiais, sendo que ganharam vinte e quatro, empataram cinco e perderam outros cinco. As derrotas foram, na liga dos Campeões com o Nápoles, no campeonato, com o Marítimo e Vitória de Setúbal e, na Taça da Liga, com o Moreirense. Quando se vai ao detalhe e se percebe quantos jogadores e que jogadores foram utilizados por Rui Vitória até este momento, chega-se à conclusão de que há muita gente com mais de dois mil minutos já jogados e que, entre esses jogadores, estão, por exemplo, os médios Pizzi e Fejsa, reconhecidamente muito importantes na manobra dos encarnados. Se a isto se juntar as inúmeras lesões que têm assolado o plantel do Benfica e o facto de durante o mês de janeiro terem feito oito jogos, em todas as competições, mais três que FC Porto e Sporting, talvez se encontre parte da explicação para o que está a acontecer para as bandas da Luz.

Frente aos sadinos, o Benfica não conseguiu ter o antidoto necessário para ultrapassar a linha de oito elementos que José Couceiro preparou para os receber a meio do seu meio campo. Aos encarnados faltou dinâmica e intensidade, bem como alguma velocidade. Já em relação ao jogo com o Moreirense, a contar para a Taça da Liga, fiquei com a ideia – fiz o relato para a Antena 1 – de que a equipa de Rui Vitória deu o jogo por ganho a partir do momento em que Salvio marcou, logo aos seis minutos, e convenceu-se de que mais tarde ou mais cedo ia marcar o segundo e resolver o assunto. Bem se enganaram porque o Moreirense jogou muito bem e, tal como viria a acontecer no jogo de Setúbal, quando acordaram foi mesmo tarde demais.

Esta temporada, a crise de resultados – umas mais prolongadas no tempo, outras nem por isso – está a atingir todos os três grandes. FC Porto, Sporting e Benfica, por esta ordem, têm deixado os seus adeptos à beira de um ataque de nervos. Com o mercado agora encerrado também se percebeu que não há muita margem para grandes floreados já que apenas Benfica e FC Porto aproveitaram para se reforçar e mesmo assim sem grandes investimentos. Já o Sporting limitou-se a arrumar a casa e a fazer regressar a Alvalade alguns dos muitos e bons jogadores que tinha emprestado a outros clubes. É a crise mas financeira também a impor a sua lei.

PS: Quem parece não estar em crise é a Liga de Clubes que gastou muito dinheiro para organizar a agora chama “Final Four” da Taça da Liga. Será que não era possível fazer uma coisa mais económica? Estou em crer que sim. E já agora se conseguissem levar mais gente à bola era ótimo para todos, principalmente para o futebol português. É que nesse capitulo a coisa foi má demais para ser verdade. E clientes para a coisa há, a avaliar para a audiência televisiva.

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