Air Astana aponta problemas nos eixos de controlo

por RTP
Nuno Veiga - Lusa

A companhia aérea Air Astana revelou que as informações preliminares apontam para problemas nos eixos de controlo, que terão motivado uma aterragem de emergência da aeronave em Beja. As autoridades estão já no terreno para investigar o que levou o avião a declarar emergência e ter estado a sobrevoar em trajetória irregular a região a norte de Lisboa e Alentejo, sem controlo.

A "aeronave apresentava desvios de estabilidade do eixo longitudinal (roll-axis, no original)", segundo as indicações iniciais, disse fonte oficial da companhia do Cazaquistão, em resposta à agência Lusa.

A transportadora referiu que o Gabinete de Prevenção e Investigação de Acidentes com Aeronaves e de Acidentes Ferroviários (GPIAAF) "vai controlar as ações" da investigação, enquanto o fabricante do avião, a Embraer, "será envolvido e consultado de perto".

À questão da Lusa sobre responsabilidades neste processo, a companhia sublinhou estar, atualmente, "focada em apoiar a investigação formal pelo GPIAAF".

"Qualquer comentário a esse respeito seria inapropriado", acrescentou a mesma fonte.

O GPIAAF está já no terreno a investigar o incidente deste domingo que envolveu um avião Embraer, da companhia aérea Air Astana, do Cazaquistão. Uma equipa deste gabinete esteve ainda no domingo a fazer as primeiras inquirições e já voltou à Base Aérea de Beja esta segunda-feira. Ainda não são conhecidos dados preliminares desta investigação.



A aeronave descolou de Alverca às 13h21 e declarou estar em situação de emergência por volta 14h40.

O piloto ainda ponderou amarar no Rio Tejo ou no mar, mas acabou por ser encaminhado para a Base Aérea de Beja por F-16 da Força Aérea Portuguesa, onde as condições climatéricas e o menor volume de tráfego aéreo eram mais propícias a uma aterragem de emergência. O avião aterrou à terceira tentativa em Beja, às 15h28, depois de ter recuperado o controlo de alguns instrumentos que tinham falhado anteriormente.

A aterragem foi bem sucedida, não havendo registo de danos materiais ou físicos. Dos seis tripulantes a bordo, dois foram levados ao hospital de Beja por “não se sentirem muito bem”, devido a “todo o stress” causado pela situação. Tiveram alta ainda no domingo.

As autoridades tentam agora responder à questão de porque razão a aeronave Embraer E190 apresentou problemas uma hora depois de ter levantado voo de Alverca, após ter concluído trabalhos de manutenção na OGMA – Indústria Aeronáutica de Portugal, detida pelo Estado português (35 por cento) e pela Embraer (65 por cento), a empresa fabricante da aeronave.

A OGMA já garantiu estar a colaborar com as autoridades aeronáuticas na investigação sobre as causas do incidente, confirmando que a aeronave esteve em Alverca em trabalhos de manutenção.

Certo é que o voo KZR 1388, que deveria seguir para Minsk, capital de Bielorrúsia teve problemas uma hora após levantar voo. Nas comunicações com a torre de controlo do aeroporto de Lisboa, o piloto revelava que a aeronave estava “completamente incontrolável” e que “o controlo de voo está com problemas”. Fonte aeronáutica revelou à Lusa ter-se tratado de um “falha crítica nos sistemas de navegação e controlo de voo”.


De acordo com o comandante da Base Aérea N.º 11, a de Beja, os tripulantes estavam já no domingo a ser inquiridos pelo gabinete de prevenção de acidentes civil e já tinham sido inquiridos pelo Serviço de Estrangeiros e Fronteiras, um procedimento normal por se tratar de cidadãos estrangeiros.


A aeronave permanece na Base Aérea de Beja, a aguardar a realização de todas as peritagens necessárias, para ser então reparada.

"É uma aeronave que está avariada. A companhia (Air Astana) terá que fazer as suas diligências junto de quem de direito para reparar a aeronave para ela poder sair daqui", mas, entretanto, "aqui ficará até que fique pronta", afirmou o coronel piloto-aviador Fernando Costa, comandante da na Base Aérea N.º 11, que garantiu que a reparação não será feita por militares portugueses.
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