Baixo Alentejo. Trinta e um de 35 suspeitos de tráfico humano ficam em prisão preventiva

por Carlos Santos Neves - RTP
A operação contra a presumível rede de tráfico de pessoas foi desencadeada na passada quarta-feira, em Beja, pela Polícia Judiciária Nuno Veiga - Lusa

Trinta e um dos 35 suspeitos de tráfico humano detidos na operação policial desencadeada há três dias no distrito de Beja ficam em prisão preventiva, determinou este sábado o juiz Carlos Alexandre. No despacho do Tribunal Central de Instrução Criminal, a medida de coação mais gravosa é justificada pelo "perigo de fuga".

Oito dos detidos em prisão preventiva podem passar a prisão domiciliária, caso o relatório de avaliação de condições pessoais e sociais, por parte da Direção-Geral de Reinserção e Serviços Prisionais, lhes seja favorável.

O juiz do Tribunal Central de Instrução Criminal decidiu ainda que quatro portugueses saem em liberdade com termo de identidade e residência, proibição de contactos e apresentações diárias às autoridades.Em causa estão indícios de tráfico de pessoas, associação criminosa, branqueamento de capitais e falsificação de documentos.


O Alto Comissariado para as Migrações apoiou 218 migrantes no âmbito desta operação. Mais de 60 foram enviados para alojamentos de emergência.
“Estrutura criminosa”
Segundo uma nota difundida na passada quarta-feira pela Polícia Judiciária, os 35 suspeitos detidos no distrito de Beja, com idades entre os 22 e os 58 anos e de nacionalidade portuguesa e estrangeira, estão “fortemente indiciados” pela prática de crimes de associação criminosa, tráfico de pessoas, branqueamento de capitais e falsificação de documentos, entre outros.

“Integram uma estrutura criminosa dedicada à exploração do trabalho de cidadãos imigrantes”, alegou ainda a polícia de investigação criminal.Durante as diligências, foram apreendidos “vários elementos probatórios” e identificadas “dezenas de vítimas”.

Os imigrantes seriam, “na sua maioria, aliciados nos seus países de origem, tais como Roménia, Moldávia, Índia, Senegal, Paquistão, Marrocos, Argélia, entre outros, para virem trabalhar em explorações agrícolas naquela região do nosso país”.

A “vasta operação policial” foi levada a cabo pela Unidade Nacional Contra Terrorismo, no quadro de um inquérito titulado pelo Departamento de Investigação e Ação Penal de Lisboa. Mobilizou ”cerca de 400 operacionais, em várias cidades e freguesias da região do Baixo Alentejo”, que procederam “ao cumprimento de 65 mandados de busca domiciliária e não domiciliária e à detenção, fora de flagrante delito, de 35 homens e mulheres”.

c/ Lusa
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