Foto: Andreia Neves - Antena 1
O antigo Embaixador de Portugal na NATO, Luís de Almeida Sampaio, defende que Portugal não deve agir com base em questões ideológicas e deve procurar as parcerias que melhor sirvam aos interesses nacionais.
Investir em defesa vai ser uma necessidade. A indústria europeia da defesa vai ter incentivos e os estados também podem gastar mais sem que isso implique procedimentos por défices excessivos. Mas em quê?
O Embaixador Luís de Almeida Sampaio diz que Portugal deve pensar no que precisa a sua indústria de defesa nacional.
“Portugal deve fazer, em matéria de indústria da defesa, aquilo que melhor proteger a sua indústria de defesa. Ou seja, eu não quero parecer que estou a pôr em causa a colaboração com a indústria defesa europeia ou com o aprofundamento industrial e tecnológico da Europa da defesa. O que eu estou a dizer é a minha primeira preocupação – se eu fosse ministro da Defesa – era proteger a indústria defesa portuguesa. Proteger não no sentido protecionista, mas proteger a sua capacidade de inovação, de crescimento, de parcerias”.
O antigo Embaixador de Portugal na NATO defende que as parcerias devem existir não podem ser ideológicas.
“Mas que não as faça por uma questão de princípio, porque agora Donald Trump é o Presidente dos Estados Unidos e, portanto, as parcerias com os Estados Unidos passam para segundo plano. O que eu quero dizer é que as parcerias devem ser desenvolvidas no sentido em que melhorem, protejam, contribuam para o crescimento da indústria portuguesa de defesa. Isto tem a ver, designadamente, com a questão que se vai pôr da substituição dos nossos F-16 ou pelos F-35 americanos ou por alternativas europeias, desde os Saab suecos, aviões franceses ou aviões produzidos por consórcios europeus. Essa decisão deve ser tomada sempre na perspetiva do maior benefício para a indústria portuguesa em matéria de defesa”.
Há áreas em que Portugal já começou a dar cartas, que devem ser mantidas, e não se podem esquecer todas as dimensões do país.
“Nós temos dimensões tecnológicas e inovadoras: apostar nos drones, apostar nos semicondutores. Os submarinos são fundamentais. Nós temos uma plataforma continental, a Zona Económica Exclusiva gigantesca. Os submarinos são uma arma caríssima, absolutamente sofisticada, altamente decisiva, não só do ponto de vista da defesa, no sentido estrito e tradicional, mas no sentido da proteção”.