Covid-19. Administradores Hospitalares estimam que daqui a cinco dias estejam internados 4.500 doentes

por RTP

A pressão nos hospitais pode aumentar na próxima semana. A Associação Portuguesa de Administradores Hospitalares estima que daqui a 5 dias o total de internamentos pode chegar aos 4.500 doentes, no pior cenário de aumento de casos de covid-19. Haveria 605 camas de cuidados intensivos ocupadas para esta patologia. Este sábado, o boletim epidemiológico revelava que estavam internadas em cuidados intensivos 413 pessoas com covid-19, e um total de 2798 internamentos.

Xavier Barreto, da Associação Portuguesa de Administradores Hospitalares, revela à RTP que isso ainda está dentro da capacitação nacional. No entanto, isso significa que ficam a faltar camas para outras patologias. O cancelamento de boa parte da atividade programada seria a “consequência direta e inevitável” do aumento de novos casos de covid-19 neste pior cenário estimado para a próxima sexta-feira.

Cirurgias mais complicadas podem ficar pelo caminho, já que essas implicam sempre um tempo de permanência em cuidados intensivos. Xavier Barreto admite que todos os hospitais estão já a reduzir as cirurgias programadas. Para já, as não urgentes. “É inevitável”, afirma. As urgentes e oncológicas tentam ser mantidas.

O responsável fala de medidas que podem mitigar este cenário, como o recurso ao setor hospitalar privado e social, as unidades de internamento de retaguarda, e o desvio de profissionais de outras especialidades para os cuidados intensivos (como anestesiologistas, pneumologistas, enfermeiros).

“Está a ser dada formação. Se calhar não a formação que seria desejável”, admite, acusando a tutela de não ter acautelado esta possibilidade há vários meses quando a associação alertou nesse sentido.

Uma vez mais, o desvio de profissionais para os cuidados intensivos só é possível à custa da paragem da atividade programada.
“Acreditamos que teria sido possível recrutar pessoas há muitos meses e capacitado essas pessoas”, defende Xavier Barreto, dizendo que se podia ter aproveitado ainda esta oportunidade para fazer regressar com boas condições enfermeiros portugueses a trabalhar noutros países.
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