Covid-19. Doentes do Norte que precisam de ECMO transferidos para Lisboa

por RTP

O Hospital de São João, no Porto, esgotou a capacidade de resposta a doentes que precisam de ECMO, um dispositivo de circulação extracorporal essencial ao tratamento de doentes críticos. O médico intensivista deste hospital da região Norte, Roberto Roncon, explicou à RTP que esta limitação se deve à falta de equipamentos suficientes, de recursos humanos e de vagas para "doentes covid e não covid".

A questão da limitação na capacidade de resposta explica-se com a "existência de equipamentos para tratar os doentes – uma vez que o ECMO implica a utilização de dispositivos que não estão disponíveis de forma ilimitada" - , de recursos humanos que "têm de ser muito diferenciados" e a existência de "vagas dedicadas a doentes covid e não covid, porque os doentes covid, pela natureza e transmissibilidade do vírus, têm de estar em áreas dedicadas (…) e, portanto, isso também coloca um constrangimento".

"Nós temos, neste momento, 15 doentes em ECMO. Somos um dos centros da Europa com mais doentes em simultâneo em ECMO", afirmou Roberto Roncon. "Temos que fazer uma gestão diária para tentar gerir os recursos que temos".

"Começamos o dia de hoje com a possibilidade de, num caso absolutamente excecional, de incluir mais um doente, caso seja necessário e obviamente que é algo que, não sendo o ideal, é pelo menos melhor do que não ter disponibilidade nenhuma para um caso que possa surgir durante o dia de hoje", explicou o médico intensivista do Hospital São João, quando questionado sobre a capacidade de resposta desta instituição.

Segundo Roberto Roncon, caso apareçam mais casos de doentes a necessitar de ECMO e o hospital já não tenha capacidade, este problema tem de ser "analisado num contexto global".

"Se quisermos ter uma excelente resposta de ECMO em Portugal temos, primeiro, de controlar a pandemia", frisou Roberto Roncon.
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