Covid-19. Natal pode estar em risco e máscaras devem voltar a ser obrigatórias

por Cristina Sambado - RTP
Reuters

Com o aumento do número de infeções em Portugal, vários especialistas temem que o Natal esteja em risco e defendem o regresso do uso obrigatório da máscara.

O aumento do número de infeções, com mais internamentos, está a gerar pressão nos hospitais. E as projeções dos especialistas apontam para 3500 por dia até ao Natal.

Os médicos consideram que se está a desvalorizar a testagem, o distanciamento social e o uso de máscara.

O vice-presidente da Associação de Médicos de Saúde Pública afirmou à RTP que “é excelente” que a Covid-19 tenha menos mortalidade”.

Mas quanto mais casos houver maior vai ser o número de mortos. Se se confirmarem estas projeções e estivermos perto dos três mil casos no Natal, vai ser impossível ter um Natal normal”, frisou Gustavo Tato Borges.

A mortalidade está nesta altura a abranger sobretudo a faixa etária entre os 60 e os 69 anos e os que têm mais de 80 anos. A maior parte das novas infeções estão a ser detetadas nos jovens entre os 20 e os 29 anos.
Gustavo Tato Borges considera que se está a “desvalorizar tudo”, como a “necessidade de se fazer testes com regularidade”, “os sintomas e o uso de equipamentos de proteção individual”.

Os especialistas alertam também para a confluência de vírus respiratórios, como uma estirpe mais perigosa de gripe nesta altura, com particular impacto na população mais idosa.
Proteger a população mais vulnerável
Para o presidente da Associação Nacional de Médicos de Saúde Pública a solução para se chegar à época das festividades natalícias sem fortes restrições passa por avançar com o reforço da vacinação à população mais vulnerável.

Ricardo Mexia admite que as famílias podem estar juntas, mas é necessário ter cuidados para se evitar erros do passado.

“Se toda a família estiver vacinada, se adotarem alguns comportamentos, como proteger as pessoas mais vulneráveis. Eu acredito que possa haver um convívio diferente do que tivemos no último Natal”, afirmou à Antena 1.

Regresso da máscara
O infeciologista António Silva Graça considera que não está a ser feito tudo o que é possível para travar a escalada de contágios.

Em declarações ao programa 360 da RTP3, Silva Graça afirma que, em certas situações, como os eventos desportivos, mas não só, “poderemos ter de dar um passo atrás” e não permitir a lotação plena dos espaços.

O infeciologista defende, por exemplo, que deve voltar a ser obrigatório o uso da máscara em espaços fechados e em grandes eventos.
Não basta apenas recomendar o uso da máscara porque as pessoas não estão a aceitar essa recomendação. Temos muito provavelmente que dar um passo atrás e falar na obrigação de utilizar a máscara nos espaços interiores públicos”, acrescentou.

Silva Graça considera ainda que “seria prudente pensar em retomar a recomendação do teletrabalho”.

c/ Lusa
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