Denúncias de abusos. Cardeal-patriarca de Lisboa recebido pelo papa

por RTP
Tiago Petinga - Lusa

O cardeal-patriarca de Lisboa, Manuel Clemente, foi esta sexta-feira recebido pelo papa Francisco, em audiência dedicada os acontecimentos das últimas semanas relacionados com denúncias de abusos de menores na Igreja em Portugal.

Em comunicado, o Patriarcado de Lisboa adianta que Manuel Clemente foi recebido a seu pedido, "em audiência privada".

"O encontro, pedido pelo cardeal-patriarca de Lisboa, realizou-se num clima de comunhão fraterna e num diálogo transparente sobre os acontecimentos das últimas semanas que marcaram a vida da Igreja em Portugal", acrescenta-se no texto.

A última edição do jornal Expresso noticia que o bispo da Guarda, Manuel Felício, e o bispo emérito de Setúbal, Gilberto Reis, serão igualmente suspeitos de encobrimento de alegados casos de abusos.

"Há pelo menos mais dois bispos que, além de Manuel Clemente, terão tido conhecimento de queixas de abusos por parte de padres e que não comunicaram essas suspeitas quer à Polícia Judiciária quer ao Ministério Público, as autoridades civis com competência para investigar este tipo de crimes", escreve o semanário.
Marcelo recebe Comissão Independente

O presidente da República recebe nas próximas horas a Comissão Independente para o Estudo dos Abusos Sexuais contra as Crianças na Igreja Católica Portuguesa. Esta reunião surge precisamente no momento em que o Patriarcado de Lisboa é questionado sobre o encobrimento de situações de abuso e depois de um padre ter quebrado o silêncio e falado à RTP.
O padre veio assim juntar a voz aos testemunhos que RTP tem ouvido de clérigos e fiéis que denunciaram os abusos dentro da Igreja e que foram ignorados.

Na noite de quinta-feira, durante uma visita à Feira de São Mateus, em Viseu, Marcelo Rebelo de Sousa defendeu que as denúncias de abusos sexuais na Igreja Católica devem ser investigadas ate ao fim, com transparência e sem pressões.

"A posição correta é, havendo denúncia e havendo de facto investigações, as investigações devem ser feitas de acordo com as regras do Estado de Direito, com toda a transparência e toda a clareza e sem que isso envolva nenhum tipo de pressão ou de coação sobre ninguém", sustentou o chefe de Estado.

"É assim que na justiça deve ser e a justiça é universal", completou.

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