Equipa hospitalar portuguesa no Mindelo ajudou a formar centena e meia de profissionais

por Lusa

Um total de 140 médicos e enfermeiros da ilha de São Vicente foram formados pela equipa do INEM durante a missão de apoio às autoridades de Cabo Verde, devido à progressão da pandemia de covid-19 e que termina domingo.

Em fim de missão na segunda ilha mais populosa de Cabo Verde, a equipa portuguesa esteve a trabalhar durante duas semanas no Hospital Baptista de Sousa (HBS)e garante que ultrapassou as expectativas, conseguindo mesmo abranger mais profissionais em termos formativos, em áreas como oxigenoterapia ou ventilação, aplicáveis, nomeadamente, a doentes covid-19.

Antes da partida da equipa, de regresso a Portugal, Olga Gomes, 46 anos, médica no Centro Hospitalar do Baixo Vouga, Aveiro, destacou à Lusa que a situação da pandemia acabou por ficar controlada em Cabo Verde, elogiando a organização "fantástica e funcional" que encontraram no HBS.

"Têm as coisas organizadas, têm camas disponíveis, quer de cuidados especiais, intermédios, quer de internamento. Possui um serviço de urgência perfeitamente organizado com uma triagem para covid e para os não covid e que funciona. Neste momento penso estar completamente com a situação controlada", disse a médica portuguesa.

A equipa que integra é coordenada - tal como outra colocada no Hospital Doutor Agostinho Neto, na Praia, ilha de Santiago - pelo Instituto Nacional de Emergência Médica (INEM), através do Portuguese Emergency Medical Team (PT EMT), na sequência da missão de avaliação portuguesa que esteve no país de 5 e 12 de maio, em colaboração com o Camões - Instituto da Cooperação e da Língua.

A equipa deslocada para o Mindelo, São Vicente, integrou ainda os enfermeiros José Mateus e Sandra Nunes que, entre ao apoio ao hospital central, delegacia de saúde, centros de saúde e elementos dos bombeiros municipais da ilha de São Vicente, assumiram ainda a tarefa de transmitir a experiência no apoio aos doentes críticos e em cuidados intensivos adquirida em Portugal, nomeadamente na administração de oxigénio.

Acabaram por formar cerca de 140 profissionais, acima das expectativas inicias.

Contudo, Olga Gomes identificou algumas dificuldades, nomeadamente em termos de ventilação e fornecimento de oxigénio, já que o "Mindelo está dependente da cidade da Praia", o que, admitiu, poderá condicionar o tratamento aos doentes numa eventual fase mais crítica da pandemia.

"O doente covid-19 é um doente muito difícil e muito consumidor deste recurso", sublinhou a médica, salientando que Portugal vai dar continuidade ao apoio remoto às autoridades de saúde locais.

Já a enfermeira Sandra Nunes, do INEM, salientou que o objetivo da missão dos últimos 15 dias foi também dar apoio à otimização da equipa dos cuidados intensivos daquele hospital, na abordagem e continuidade do tratamento dos doentes críticos.

"Tentamos fazer uma coisa mais transversal, vocacionado mais para o doente crítico em contexto de urgência, cuidados intensivos, especiais, porque é a nossa área, pela qual somos especialistas e na qual trabalhamos todos os dias. Mas tentamos nos adaptar muito ao que eram as necessidades que os próprios profissionais nos referenciaram e do que íamos observando e estabelecemos o nosso plano de ação", explicou a enfermeira.

Esclareceu que tentaram fazer um processo formativo para a estabilização do doente critico e que foram levantadas algumas temáticas importantes no âmbito da covid-19 e não só, mas destaca a organização do hospital no Mindelo.

"O HBS tem circuitos bem definidos nomeadamente daquilo que é ou não doente respiratório, já com conhecimento da utilização dos equipamentos, proteção individual e tendo os profissionais sido vacinados e familiarizados com os procedimentos. Optamos por pegar em tudo o que envolvia equipamentos, fármacos, emergência e que poderiam em parceria com o hospital otimizar", afirmou, assumindo igualmente que a missão superou as expectativas.

Vários meses depois, o Governo de Cabo Verde voltou a decretar, em 30 de abril, a situação de calamidade em todas as ilhas, exceto na ilha Brava, por um período de 30 dias, agravando medidas de limitação de atividades com aglomerações de pessoas, face ao forte aumento dos novos casos de covid-19, que chegaram a um pico de 417 infetados no dia 05 de maio.

Esse estado foi prorrogado desde sexta-feira pelo Governo por mais 30 dias, agora alargado a todas as ilhas.

Entretanto, a taxa de incidência acumulada de casos de covid-19 a 14 dias passou de 727 por cada 100.000 habitantes, no período de 26 de abril a 09 de maio, para 501 por cada 100.000 habitantes, de 10 a 23 de maio, segundo dados da Direção Nacional de Saúde.

No último período de 14 dias foram feitos 19.502 testes à covid-19 no arquipélago e detetados 2.821 novos casos (média diária de 202 novos casos), contra as 21.647 amostras e 4.093 novos casos (média de 293 novos casos por dia) no período anterior (26 de abril a 09 de maio).

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