Golas. Ministro tinha rejeitado responsabilidades políticas

por RTP

Foto: Pedro Nunes, Reuters

As buscas da Judiciária e dos magistrados no Ministério da Administração Interna ocorrem dois meses depois de o ministro Eduardo Cabrita ter negado que existissem responsabilidades políticas neste caso. A polémica sobre as golas anti-fumo rebentou em julho e na altura apenas se demitiu o adjunto do Secretário de Estado.

Esta quarta-feira foi a vez do secretário de Estado José Artur Neves se demitir, invocando motivos pessoais. Entretanto, Artur Neves foi constituído arguido na sequência de buscas relacionadas com o caso das golas anti-fumo.

O caso começou a 26 de Julho quando o Jornal de Noticias noticiou que as 70 mil golas antifumo distribuidas pela proteção civil às populações em risco de incêndio eram inflamáveis

Na altura o ministro Eduardo Cabrita mandou abrir um inquérito urgente por parte da Inspeção Geral da Administração Interna, mas reagiu mal à noticia.

O secretário de Estado José Artur Neves empurrou a responsabilidade pela compra para a Proteção Civil, mas 24 horas depois demitiu-se o adjunto de José Artur Neves.

Francisco Ferreira, também presidente da concelhia do PS/Arouca onde Artur Neves esteve como autarca durante 12 anos , foi quem recomendou a empresa para a compra das golas antifumo.

O ajuste direto foi com a empresa de Fafe Foxtrot Aventura e ficou 125 mil euros euros acima do preço do mercado. O dono da empresa é casado com a presidente da Junta de Freguesia de Longos, em Guimarães, eleita pelo PS.

Mas, para o ministro da Administração Interna, não havia responsabilidades politicas. A 30 de julho, o Ministério Público instaurou um inquérito.

Mas há outro caso a envolver José Artur Neves: o filho celebrou pelo menos três contratos com o Estado, após o pai ter assumido funções governativas.

Artur Neves sempre disse que não teve qualquer influência nos contratos

Em Agosto, numa entrevista ao Expresso e sobre este caso, o primeiro-ministro defendeu José Artur Neves: "Tenho a certeza de que nenhum membro do Governo interveio direta ou indiretamente em benefício de qualquer empresa onde tenham interesse".

José Artur Neves chegou ao governo para substituir Jorge Gomes em 2017, depois dos grandes incêndios e da demissão da ministra Constança Urbano de Sousa.
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