Jovens portugueses emigrantes querem aplicar conhecimentos adquiridos em Portugal

por Lusa

Paris, 26 mai (Lusa) -- A presidente da Associação de Graduados Portugueses (AGRAFr) em França considerou hoje que muitos dos jovens portugueses emigrantes querem regressar a Portugal para colocar em prática no seu país a "maturação profissional" adquirida no estrangeiro.

"É um ciclo de crescimento e é natural que, quando olham para o futuro, a possibilidade de voltar a Portugal seja muito atrativa. É aprender aqui, ser gente, ter maturação profissional e depois aplicar em Portugal o que aprenderam", afirmou Ana Rita Furtado, 37 anos, comentando o inquérito da Fundação Associação Empresarial de Portugal (AEP) que indica que dois terços dos jovens emigrantes qualificados entrevistados querem regressar.

De acordo com o estudo, divulgado pela agência Lusa a 17 de maio, este desejo de regresso coloca a saudade dos familiares e dos amigos (71 por cento) o principal motivo, seguindo-se as "oportunidades de carreira" como fator de influência no retorno (54 por cento).

O estudo, o primeiro a revelar "quem são, onde estão e o que querem os nossos jovens emigrantes qualificados", foi realizado no âmbito do projeto Empreender 2020 -- Regresso de uma Geração Preparada.

Este desejo de regresso não é igual para todos os jovens emigrantes qualificados, já que dois terços não pretendem retornar a Portugal no prazo mínimo de três anos.

Para a presidente da associação que conta com 450 membros - 60% dos quais têm pelo menos um mestrado -- o resultado do estudo "não surpreende" porque "a maior parte" dos "jovens portugueses qualificados que vêm para França nos últimos anos vem para crescer profissionalmente", tendo o regresso a Portugal em mente.

"Quando os jovens olham para o futuro, a ideia de Portugal obviamente que está presente porque querem voltar para dar ao país algo em troca porque foi o país que primeiro nos educou", comentou a doutorada em microbiologia, que agora trabalha em redação científica.

Ana Rita Furtado, que vive em Paris há 10 anos, acrescentou que "quanto mais tempo as pessoas passam no estrangeiro menor é a probabilidade de voltarem um dia", adiantando que "todos os dias" ela própria pensa em regressar a Portugal "pela família e pela qualidade de vida".

O estudo da AEP indica que 30% dos jovens qualificados emigrados dizem não pretender voltar devido aos baixos salários, às poucas oportunidades de carreira, à falta de oferta de emprego na área de experiência e à instabilidade do país.

"Não me surpreende. Portugal é conhecido por ter salários baixos, o mercado de trabalho é menor porque o país também é reduzido. Há maior oportunidade de trabalho e de crescimento profissional para mais gente fora de Portugal", constatou a presidente da AGRAFr.

O questionário `online` lançado pela Fundação AEP pretendeu estudar a emigração de jovens qualificados e a forma de os cativar a voltar.

O projeto pretende também identificar as condições que favoreçam o retorno e desenhar cenários concretos de atuação com vista ao regresso desta geração e, ainda, debater um modelo de desenvolvimento capaz de acolher estes jovens.

O Reino Unido é o país que acolhe mais portugueses qualificados, seguido da Alemanha, França, Holanda e Suíça, tendo o pico da emigração sido em 2012.

O estudo indica ainda que mais de metade (56,4 por cento) dos inquiridos gostaria de voltar e de ser empresário em Portugal. Já para 29 por cento dos inquiridos, o rendimento é decisivo bem como a oferta de emprego disponível (27 por cento).

Mais de metade dos 1140 inquiridos tem até 34 anos e 85 por cento dos entrevistados possui pelo menos licenciatura.

CAYB (SYF) // PJA

 

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