Reportagem

Manifestações em Lisboa e Porto. "Luta continua enquanto professores não forem respeitados"

por Carlos Santos Neves - RTP

Em São Bento, Mário Nogueira voltou a reprovar os serviços mínimos decretados para a greve regional cumprida na quinta e na sexta-feira, decisão "intolerável" António Antunes - RTP

Os professores reforçaram este sábado a luta com manifestações no Porto e em Lisboa. O objetivo foi, uma vez mais, contestar as propostas do Ministério da Educação para o novo regime de recrutamento e colocação. O secretário-geral da Fenprof, Mário Nogueira, advertiu a tutela para uma "última oportunidade" na negociação suplementar da próxima semana.

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18h38 - Manifestações chegam ao fim. ASPL deixa mensagem no Porto

Ouvida pela equipa de reportagem da RTP, Manuela Duarte, da Associação Sindical dos Professores Licenciados, fez um "balanço francamente positivo" das manifestações deste sábado.
"Os professores estão cansados, estão exaustos. Em várias faixas, camisolas, vemos a palavra basta. Durante muitos anos, décadas, atrevo-me a dizer, aguentámos precariedade, uma escola pública em degradação, que não tem as mínimas condições, horários de trabalho sobrecarregados. Os professores chegaram ao limite", enumerou.

18h00 - "Bem podem meter a viola no saco"

O secretário-geral da Fenprof calculou estarem perto de 80 mil professores nas manifestações de Lisboa e do Porto. Número, sublinha, que comprova que os docentes não estão cansados e que "a luta vai continuar".

"Para quem achava que os professores estavam cansados e fartos de lutar, bem podem meter a viola no saco. Estão 40 mil professores aqui e outros 40 mil lá no Porto, o que quer dizer que temos a maior manifestação nas ruas", reivindicou Mário Nogueira frente à Assembleia da República.
O dirigente da Fenprof voltou a reprovar os serviços mínimos decretados para a greve regional cumprida na quinta e na sexta-feira, decisão "intolerável".

"A luta vai continuar enquanto os professores não forem respeitados", clamou.

17h53 - Milhares de professores no Porto


Mais de cinco mil professores ocuparam, esta tarde, a Avenida dos Aliados, na Invicta.

"São milhares de professores. Quando a frente da manifestação chegou aos Aliados, a cauda ainda estava no Marquês. Acredito que sejam para cima de cinco mil no protesto", adiantou à agência Lusa um agente da PSP que controlava o trânsito no local, pelas 17h00.

17h49 - Mário Nogueira continua a discursar

"O tempo é para contar, não é para apagar". São estas as palavras de ordem lançadas aos manifestantes pelo dirigente da Fenprof, referindo-se ao tempo de serviço congelado dos professores.

17h41 - Negociação suplementar. O apelo de Mário Nogueira

O secretário-geral da Fenprof exorta os professores a marcarem presença, na próxima quinta-feira, frente ao Ministério da Educação, onde haverá uma ronda suplementar de negociação: "Convidamos todos aqueles que possam, quem puder lá estar, para estar lá à porta".

17h36 - "Serviços mínimos ilegais"


O secretário-geral da Fenprof já discursa perante os professores concentrados em São Bento. Mário Nogueira reitera que foram "ilegais" os serviços mínimos impostos para as greves de quinta e sexta-feira.

"A luta não vai parar", afiança.

17h35 - Chega representado na manifestação em São Bento

A presença do deputado do Chega Pedro Frazão suscitou alguma tensão, protagonizada por um dos manifestantes, que denunciou o que disse ser "aproveitamento político" por parte do partido de André Ventura.
Pedro Frazão acusou o ministro da Educação e o primeiro-ministro de desrespeitarem os docentes.

17h20 - Galeria de imagens. O percurso dos manifestantes em Lisboa

Os professores reforçaram este sábado a luta com marchas e concentrações no Porto e em Lisboa. Estas são fotografias captadas pelo repórter de imagem António Antunes durante a ação de protesto na capital, que desembocou diante da Assembleia da República.

17h10 - Isabel Camarinha "solidária a 100%" com professores

Diante da Assembleia da República, a secretária-geral da CGTP afirmou este sábado que "a escola pública é a garantia da educação das nossas crianças e jovens". O que pressupõe que "o Governo olhe para o descontentamento e a determinação" dos professores.
"Está a faltar uma proposta que os sindicatos e os trabalhadores possam aceitar para base de negociação", frisou a dirigente sindical.

17h01 - Manifestantes diante do Parlamento


A marcha dos professores já chegou a São Bento. Os manifestantes começam a concentrar-se frente à Assembleia da República.

16h25 - Cartazes do S.TO.P. integram a manifestação em Lisboa

Na marcha que ruma à Assembleia da República, em São Bento, são visíveis cartazes do Sindicato de Todos os Profissionais da Educação, estrutura que não integra a plataforma responsável pelas ações de protesto deste sábado.
"Isto é uma manifestação dos professores. Não é uma manifestação da Fenprof", afirma à RTP uma das manifestantes integradas na fileira do S.TO.P., acrescentando que se trata de um "cartão vermelho" ao Governo.

15h53 - Mário Nogueira alerta para "última oportunidade"


Em declarações à RTP, no momento em que os professores concentrados no Rossio, em Lisboa, se preparam para iniciar a marcha até à Assembleia da República, o secretário-geral da Federação Nacional dos Professores aborda a negociação suplementar da próxima quinta-feira.
É, nas palavras de Mário Nogueira, "a última oportunidade para um acordo".

"Mas a vida não acaba aqui", remata.

15h48 - Nuno Melo integra manifestação no Porto


Ouvido pela equipa de reportagem da RTP, o líder do CDS-PP enumerou o que considera ser o conjunto de "causas justas" dos professores.
15h35 - "Os professores têm muitas razões para estar na luta"

Também o dirigente do PCP Jorge Pires se juntou ao protesto dos professores em Lisboa.
Para os comunistas, "o Governo tem uma estratégia que é muito evidente, que é não valorizar a escola pública".

15h25 - Professores e encarregados de educação


Em Lisboa, a equipa de reportagem da RTP ouviu, pouco antes do início da marcha de protesto, os argumentos dos professores, mas também de encarregados de educação que decidiram juntar-se às manifestações.
15h12 - "A luta pela escola pública"

Joana Mortágua, do Bloco de Esquerda, junta-se aos protestos em Lisboa. Em declarações à RTP, afirma que o partido vai permanecer solidário com a luta dos professores, que, sublinha, "é pela escola pública".
"Cada ano que passa, há mais alunos sem aulas. Não é por causa das greves. É porque não há professores", enfatiza.

15h06 - BE questiona Bruxelas sobre serviços mínimos

O Bloco de Esquerda questionou a Comissão Europeia relativamente ao estabelecimento de serviços mínimos nas greves de professores. O partido pretende saber de que "mecanismos de proteção" dispõe a União para levar os governos a "respeitar o direito à greve".

Na pergunta em causa, citada pela Lusa, os eurodeputados Marisa Matias e José Gusmão afirmam que "os serviços mínimos previstos para as greves de tempo indeterminado de um só sindicato", em referência ao S.TO.P., acabaram "por se estender a todas as convocatórias".

15h00 - Concentrações

Ao início da tarde, os professores começavam, lentamente, a chegar aos pontos de concentração em ambas as cidades, como constataram as equipas de reportagem da RTP.
Lisboa
Porto

Foram nove as organizações sindicais da classe docente - entre as quas a Fenprof - que apelaram à mobilização para as manifestações deste sábado, que acontecem depois de o ministro da Educação, João Costa, ter remetido para dia 9 de março nova ronda negocial.

A última manifestação convocada por esta plataforma sindical realizou-se a 11 de fevereiro.O início das manifestações nas duas maiores cidades do país está previsto para as 15h30. Arrancam do Rossio, em Lisboa, e da Praça do Marquês, no Porto. Têm como destinos a Assembleia da República e a Avenida dos Aliados, respetivamente.

Sindicatos e tutela procuram, desde setembro, chegar a acordo relativamente ao novo modelo de recrutamento e colocação de professores. A mais recente reunião, realizada na semana passada, acabou sem resultados, com os sindicatos a anunciarem a intenção de solicitar reuniões suplementares.

As estruturas representativas dos professores chamam a atenção para a persistência de "linhas vermelhas" como a criação de Conselhos de Quadro de Zona Pedagógica: órgãos compostos pelos diretores das escolas que têm a responsabilidade de distribuir o serviço, podendo atribuir a um docente turmas de dois agrupamentos.

O facto de os professores vinculados em Quadro de Zona Pedagógica (QZP) terem de concorrer ao agrupamento do quadro a que pertencem e a outros três QZP adjacentes, ou contíguos, é outra das razões de dissensão.

Os professores reivindicam ainda que a tutela estabeleça um calendário para discutir matérias como a recuperação do tempo de serviço congelado ou o fim das vagas e quotas de acesso ao 5.º e 7.º escalões.
Síntese das exigências da classe docente e propostas do Ministério da Educação
Greve
Na passada quinta-feira, os professores dos distritos de a norte de Coimbra estiveram em greve e, na sexta-feira, foi a vez dos professores dos distritos de Leiria para sul.

As escolas tiveram de assegurar serviços mínimos decretados pelo Tribunal Arbitral, que considerou que esta paralisação não podia ser vista de forma isolada, mas antes como "mais uma greve num somatório de greves que, no seu conjunto, ameaçam já pôr em causa o direito à educação".

Para os sindicatos, a definição de serviços mínimos veio reforçar as razões para protestar este sábado.

Os professores cumprem em greves desde dezembro: na altura com uma paralisação por tempo indeterminado convocada pelo Sindicato de Todos os Profissionais da Educação (S.TO.P.), que se mantém, em protesto contra a proposta do Governo para os concursos e colocação de professores; entretanto, a plataforma sindical, que não inclui o S.TO.P., convocou uma greve por distritos durante 18 dias, culminando com uma manifestação no dia 11 de fevereiro, que juntou em Lisboa mais de 100 mil pessoas, segundo as contas da Fenprof.

c/ Lusa