Jamaica. Marcelo acusado de "desprezo completo" pela polícia

por Carlos Santos Neves - RTP
Paulo Rodrigues escreve mesmo que Marcelo Rebelo de Sousa é “um Presidente da República de quase todos os portugueses” Manuel de Almeida - Lusa

Depois de o Presidente da República ter visitado, na segunda-feira, o bairro da Jamaica, Paulo Rodrigues, dirigente da Associação Sindical dos Profissionais da Polícia, recorreu ao Facebook para escrever que Marcelo Rebelo de Sousa mostrou “desprezo completo” pelos agentes “e pela segurança do país”.

O texto de Paulo Rodrigues foi publicado na última noite na página pessoal do Facebook. O presidente da Associação Sindical dos Profissionais da Polícia afirma-se “discriminado”.

“Já pedi ao Presidente da República reuniões, já pedi que interviesse para resolver questões da Polícia, já o convidei várias vezes, publicamente, para aparecer um dia, sem avisar, e junto com uma patrulha, fazer um turno de serviço e ir resolver ocorrências, ele nunca aceitou”, assinala o responsável.



Sublinhando que não tem “nada contra” a visita do Chefe de Estado ao bairro da Jamaica, no Seixal, Paulo Rodrigues carrega na ideia de que o Presidente “não deve menosprezar quem produz segurança no país”.

“Nada contra ele ir à Jamaica ou onde ele quiser, mas menosprezar quem produz segurança no país e nunca ouvir uma só palavra em favor destes profissionais é sinónimo do desprezo completo que a S. Exa. PR tem pelos polícias e pela segurança do país”, acusa.

Paulo Rodrigues escreve mesmo que Marcelo Rebelo de Sousa é “um Presidente da República de quase todos os portugueses”.

“Não sei porquê, se a ideia era ver edificações degradadas, podia ter ido à Calçada da Ajuda em Lisboa ou à Bela Vista do Porto, em matéria de instalações vergonhosas, ganham à Jamaica”, acentuou.
Duas semanas depois
Marcelo Rebelo de Sousa deslocou-se de surpresa ao bairro da Jamaica, onde esteve com elementos da associação de moradores. Visitou também o centro comunitário, tendo aceitado marcar presença na próxima festa da associação.

A visita teve lugar duas semanas depois dos incidentes com a Polícia de Segurança Pública naquele bairro.

O Ministério Público abriu entretanto um inquérito aos acontecimentos de 20 de janeiro, ao passo que a própria PSP tem em marcha um inquérito interno que se debruça sobre a “intervenção policial e todas as circunstâncias que a rodearam”.

Um vídeo publicado nas redes sociais motivou protestos, a 21 de janeiro, diante do Ministério da Administração Interna, no Terreiro do Paço, em Lisboa, contra a atuação da polícia. Repetiram-se então incidentes, com a PSP a denunciar o apedrejamento de agentes na Avenida da Liberdade e a admitir ter disparado balas de borracha.

c/ Lusa
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