O Arquivo da RTP olha para si próprio, desde o início da Radiotelevisão Portuguesa em 1957, numa pesquisa profunda, em busca de tesouros esquecidos. É revisitar o passado, no tempo em que víamos Portugal a preto e branco. É a memória da RTP e de uma Radiotelevisão que olhava para o país em linha com o regime vigente e que, por vezes, mostra bem mais do que aparenta.
Às quintas-feiras no Jornal 2.
coordenação de Silvia Alves | multimédia Nuno Patrício, tratamento gráfico Sara Piteira | edição José Rui Rodrigues & sonoplastia Miguel Marques
A série preto no branco é feita de episódios datados e, por isso, absolutamente intemporais. Os episódios funcionam quase como aforismos: lançamos o mote, sem comentários críticos, para que na leitura do episódio seja invocado o contexto e a realidade que produziram aquela notícia, aquele programa, aquela visão do país.
À distância e à luz colorida do presente, muitos destes tesouros alegres parecem inverosímeis e improváveis - na verdade não foi assim há tanto tempo!? Pelo meio, encontramos pobreza e miséria – sempre objecto de caridade – e a tentativa de modernizar Portugal: inauguram-se desde adegas cooperativas e balneários à Cidade Universitária em Lisboa e o troço da auto-estrada Lisboa-Vila Franca de Xira.
Nesta pesquisa exaustiva, encontramos os nossos próprios colegas de antigamente, a dar os primeiros passos na captação de som e imagem, em directos e entrevistas, muitas vezes “sem rede”. E descobrimos imagens e peças nunca antes exibidas, e filmes que o Arquivo da RTP digitaliza de propósito para este preto no branco.
Em arquivo, encontramos os alinhamentos dos programas e telejornais, e os pivots de lançamento das peças, bem como os textos off que, à época, eram lidos em directo. Isto permite-nos relevar o tom e contexto em que as notícias eram apresentadas, e recriamos essa realidade e essas leituras.
Para o genérico e ficha técnica, descemos ao nosso depósito museológico.
Encontrámos o disco original, a 78 rpm, com a música da Radiotelevisão Portuguesa, uma grafonola (de dar à manivela), velhos projectores, o sinal “no ar”, miras técnicas, câmaras de filmar, microfones, e a famosa Moviola ou Steenbeck de montagem. Usámos todos estes elementos para o genérico do programa e para os separadores.
Este “grafismo” - com direcção de fotografia de Rui Pimpim, captação de som de Miguel Marques, e tendo como assistente de iluminação André Costa, assistente de realização Nelson Castro, e produção de Luís Limão – foi concebido, realizado e filmado por Sofia Sousa. Com o apoio e toques especiais de Teresa Martins e Nicolau Tudela.
Antigamente, a ficha técnica era colada em letras brancas num papel preto, e colocada num tambor de girar à manivela. Recriámos a antiga ficha técnica e, dando alegremente à manivela, filmámos o resultado…
No Arquivo RTP, a pesquisa conta com o apoio das incontornáveis Olinda Manolito e Inês Moreira e Silva.
Revisitar as notícias dos telejornais da Radiotelevisão acontece com as vozes dos colegas Clara Osório e João Rosário que “vestem” as locuções do antigamente com brio e grande entusiasmo.
A edição e pós-produção vídeo são de José Rui Rodrigues que leva este mergulho no filme a preto e branco a outro patamar.
A sonoplastia de Miguel Marques inclui a busca de músicas e sons de época do próprio Arquivo RTP, a reconstituição de sons e, à falta deles, a bruitage, recriando e gravando os elementos necessários. Para todos estes ficheiros iniciais do Arquivo (sem som) criou-se o ambiente sonoro que nos transporta para uma paisagem bem colorida.
A todos eles, ao seu profissionalismo e “vestir a camisola” agradece a autora Silvia Alves.
preto no branco existe em vários tamanhos - S, M e L - o tamanho S estreia no Jornal 2 no dia 5 de Dezembro de 2024.