Público acusa Relvas de criar "manobra de diversão" com documentos enviados à ERC

por RTP
Miguel Relvas foi hoje acusado de pretender antecipar a averiguação da ERC António Cotrim/Lusa

A Direção Editorial do jornal Público acusou este domingo o ministro Miguel Relvas de ter elaborado “uma manobra de diversão” com a carta que enviou à Entidade Reguladora para a Comunicação Social (ERC). Em nota publicada na sua edição Online o Público escreve que Relvas “nada diz sobre a substância deste caso, a inadmissível promessa de retaliações à jornalista e ao jornal caso a investigação em curso sobre as suas relações com Jorge Silva Carvalho” prosseguisse.

A Direção Editorial do Público respondeu à iniciativa do ministro-adjunto e dos Assuntos Parlamentares, Miguel Relvas, que na passada sexta-feira enviou para a ERC uma carta de cinco páginas em que acusa a jornalista Maria José Oliveira de escrever as suas notícias "num estilo de “jornalismo interpretativo” que tantas vezes tem sido alvo de reparos por parte do Provedor do Leitor do Público".

Escreve o Público que com a carta que Miguel Relvas enviou para a ERC este “pretendeu antecipar a averiguação já anunciada sobre o exercício de ameaças à jornalista do Público” ao mesmo tempo que se dedica “a teorizar sobre a qualidade do seu jornalismo”.

Para a Direção Editorial do jornal “Miguel Relvas nada diz sobre a substância deste caso, a inadmissível promessa de retaliações à jornalista e ao jornal caso a investigação em curso sobre as suas relações com Jorge Silva Carvalho, ex-chefe do Serviço de Informações Estratégicas e de Defesa, prosseguisse”.

É claro ainda para o Público que “a forma como o Público e a jornalista Maria José Oliveira acompanharam o caso são por si só a melhor prova de que as nossas notícias se pautaram pelo rigor”.

E como forma de provar o rigor com que o Público acompanhou o caso a Direção Editorial do jornal Público relatou a forma como a informação foi sendo colocada à disposição dos seus leitores.

“Noticiámos em 28 de Janeiro que Jorge Silva Carvalho tinha enviado ao Governo um relatório com um plano de reformas para as secretas, o que Miguel Relvas considerou ser “absolutamente falso”; voltámos a noticiar a 9 de Maio que o ministro tinha recebido do ex-espião um e-mail e sms com propostas para as secretas, o que Miguel Relvas admitiria no Parlamento; e referimos que nas suas declarações no Parlamento Relvas se lembrara de ter recebido um “clipping” sobre uma visita de Bush ao México, o que contradizia a afirmação do ministro quando afirmara ter conhecido Silva Carvalho entre Março de 2010 e Junho de 2011 – a última visita de Bush ao México noticiada pela Reuters é de 2007. Em causa jamais estiveram interpretações, mas factos”.
Relvas errou o alvo
Mas o Público também se penaliza pelos seus erros e omissões e, sobre isso, refere ser verdade que “apesar de todos os mecanismos de controlo, há erros ou omissões que se detectam apenas à posteriori” pelo que “não temos problemas em corrigir títulos, como reconhece Miguel Relvas, nem de adiar a publicação de notícias até que sejamos capazes de lhes acrescentar o valor informativo que as tornam indispensáveis – como fizemos na quarta-feira”.

A fechar a sua nota a Direção Editorial do Público refere que Miguel Relvas pretendeu construir “uma imagem distorcida sobre o jornalismo do Público” e com isso “Miguel Relvas elabora uma manobra de diversão”.

Para o Público “não é a qualidade da investigação sobre o caso das secretas que está em causa, mas a tentativa de intimidação à jornalista que a conduziu” pelo que “não dando explicações à ERC sobre os seus actos e as suas intenções, Miguel Relvas errou o alvo”.

Tópicos
pub