Sindicato dos Médicos contesta "desigualdades" de prémio aos profissionais de saúde

por RTP

Foi regulamentado no sábado, em Conselho de Ministros, a atribuição de prémios aos profissionais de saúde que estiveram na linha da frente na primeira fase do combate à pandemia durante a primeira vaga, excluindo os que estão agora a trabalhar com doentes Covid-19. Os sindicatos criticam decisão, argumentando que não sendo atribuído a todos, criará maiores desigualdades.

Em entrevista à RTP, o presidente do Sindicato Independente dos Médicos afirmou que a atribuição deste prémio "cria desigualdades porque, em primeiro lugar, não contempla todas as pessoas que, de facto, contribuíram para este combate".

Jorge Roque da Cunha salientou, no entanto, que era uma boa medida de apoio aos profissionais de saúde e "um gesto simbólico", embora já devesse ter sido regulamentada no passado mês de agosto e agora crie "série discriminações em relação a outros profissionais de saúde".

"Ao discriminar assistentes médicos, ao discriminar enfermeiros, técnicos de diagnóstico e médicos, cria mais confusão e mais entropia", afirmou o médico. "Mais uma vez o Ministério da Saúde dá um sinal pouco sério, pouco correto e de desrespeito aos médicos", continuou, referindo questões como as férias que não foram permitidas aos profissionais ou a tolerância de ponto em dezembro, por exemplo.

"Objetivamente com sinais destes a motivação é baixa e, naturalmente, os médicos sempre que encontram uma alternativa mais simpática saem do Sistema Nacional de Saúde", acrescentou Roque da Cunha.

Quanto às assimetrias entre os médicos que estiveram a trabalhar com doentes Covid na primeira fase da pandemia e os que estão atualmente a enfrentar a doença, o presidente do Sindicato diz que não há razão para essa descriminação entre os vários profissionais, incluindo os de outras especialidades que não trabalharam diretamente com doentes infetados.

Sobre o adiamento de consultas, exames e cirurgias não urgentes, Roque da Cunha não tem dúvida de que vai afetar doentes "com cancro, com diabetes e outras patologias". Segundo o médico, muito dos especialistas de Saúde Geral e Familiar, os médicos de família estão agora a trabalhar nos "chamados covidários" e a fazer chamadas de rastreamento de contacto com suspeitos de infeção, em vez de estarem nas unidades de saúde a atender os utentes não covid.
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