Terceiro caso de agressões a médicos numa semana

por RTP
RTP

Um casal de médicos foi agredido por um doente no hospital de Setúbal que aguardava por uma consulta há várias horas. É o terceiro caso conhecido no espaço de uma semana.

O incidente aconteceu no último dia de 2019. O doente, um sexagenário, começou por atacar verbalmente a médica, manifestando indignação por estar há cerca de quatro horas à espera de uma consulta. A médica pediu ajuda ao marido, também médico.

Os dois acabaram sequestrados dentro do gabinete, revela o Jornal de Notícias. O utente terá trancado a porta por dentro e atirado mesa e cadeiras contra os médicos.

O médico terá entrado em confronto físico com o doente e a situação só acabou quando o agente da PSP de serviço no hospital conseguiu arrombar a porta e por cobro à situação.

Em comunicado, o Hospital de Setúbal não confirmou as agressões físicas.

Este caso aconteceu quatro dias depois de uma médica de 65 anos ter sido atacada por uma doente, no mesmo hospital.

No mesmo dia, 31 de dezembro, um outro médico foi agredido por um utente e a namorada, por se ter recusado a renovar a baixa médica no Centro de Saúde de Moscavide. O Jornal de Notícias, que ontem noticiou o caso, adianta hoje que o utente tentou novamente renovar a baixa médica, ontem na Unidade de Saúde Familiar do Prior Velho. Perante nova recusa de renovação, desta vez da parte do médico de família, o jovem de 21 anos terá atacado verbalmente o clínico. Terá fugido quando a PSP chegou ao local, chamada por um funcionário.

O médico agredido em Moscavide disse ao jornal que a configuração das salas de consultas dificultam uma eventual fuga, porque o médico tem de passar pelos doentes e revela que os telefones não estão a funcionar "há bastante tempo".

Ontem, Ordem dos Médicos e Sindicato Independente dos Médicos exigiram que o Ministério da Saúde reforce a segurança dos médicos, perante o número de agressões conhecido.

Em comunicado esta quinta-feira, a Administração Regional de Saúde de Lisboa e Vale do Tejo veio repudiar os atos de violência, garantindo “que a ARSLVT tem prestado e vai continuar a prestar todo o apoio e solidariedade necessários aos seus profissionais vítimas de agressão, pugnando sempre para que a violência nas unidades de saúde não aconteça”.

De acordo com dados da Direção-Geral de Saúde, mais de 600 incidentes de violência contra profissionais de saúde foram registados nos primeiros seis meses de 2019, sendo que a maioria das notificações respeitam a assédio moral ou violência verbal.

Os dados disponibilizados pela Direção-geral da Saúde mostram um acumulado ao longo dos anos, pelo menos desde 2013, de 4.893 notificações de violência contra profissionais de saúde até fim de junho de 2019.

Entre o final de 2018 e julho de 2019 registou-se um acréscimo de 637 incidentes de violência.


Segundo os dados disponíveis no 'site' da DGS, dos mais de 4.800 casos notificados ao longo dos anos, 57% respeitam a assédio moral, 20% a casos de violência verbal e 13% de violência física.

Os enfermeiros são o grupo profissional que é mais frequentemente vítima de incidentes de violência, com mais de metade das situações registadas e comunicadas à DGS. Seguem-se os médicos, com 27% dos casos.

Na maioria dos casos, o agressor é um utente ou doente (56%) ou seu familiar (21%), havendo também casos de profissionais que agridem outros profissionais (20%).


c/Lusa

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