A ascensão dos pequenos partidos e a queda dos médios. Como estava e como fica agora o Parlamento

por Mariana Ribeiro Soares - RTP
Nuno Patrício - RTP

O Parlamento virou um autêntico jogo das cadeiras, com pequenos partidos a conquistarem mais assentos parlamentares e os partidos médios, como o BE e PCP, a sofrerem uma dura derrota. Para além do PS, que conquistou maioria absoluta, os grandes vencedores da noite são o Chega e Iniciativa Liberal, eleitos terceira e quarta forças políticas.

Destas eleições legislativas antecipadas sai, em primeiro lugar, um Parlamento menos dividido. Se em 2019 dez partidos conseguiram representação parlamentar, este ano esse número ficou reduzido a oito.

O mapa do Parlamento está também agora ainda mais pintado com as cores do PS, que conquistou a tão desejada maioria absoluta. Numa altura em que faltam apenas apurar os resultados dos círculos de emigração, o Partido Socialista obteve 41,68 por cento dos votos, o que se traduz em 117 deputados (mais nove do que nas eleições de 2019).

Por sua vez, o PSD, apesar de ter conseguido mais votos nestas eleições legislativas (27,80), perdeu dois deputados, elegendo um total de 76. Rui Rio, que desde o início disse estar “picado para ganhar as legislativas”, assumiu-se como “principal responsável” pelo resultado “substancialmente abaixo do esperado” e abriu a porta à demissão.

Mas a principal alteração no Parlamento está nos pequenos e médios partidos. Se por um lado, à direita, Chega e Iniciativa Liberal saíram muito reforçados da noite eleitoral como terceira e quarta forças políticas, à esquerda, os antigos partidos da Geringonça – Bloco de Esquerda e CDU – foram fortemente penalizados.

O partido de André Ventura, constituído em 2019, foi um dos grandes vencedores da noite. O Chega passou de um a 12 deputados, com 7,15 por cento dos votos, cumprindo o objetivo de chegar a terceira força política. Logo atrás está o Iniciativa Liberal, com oito cadeiras no Parlamento, mais sete do que nas legislativas de 2019.

Por sua vez, na bancada da esquerda, o Bloco de Esquerda cai para quinta força política, tendo perdido 14 deputados. O BE conta agora com apenas cinco cadeiras no Parlamento – o pior resultado dos últimos 20 anos. Também a CDU (coligação entre PCR e Verdes), sofreu uma dura queda, perdendo seis deputados. A CDU conta, assim, com mais uma cedeira do que o BE no Parlamento. Os Verdes (PEV), que marcavam presença na Assembleia da República com os deputados Mariana Silva e José Luís Ferreira, perderam representação parlamentar.

Quem também abandona o Parlamento, ao fim de 47 anos, é o CDS, que não conseguiu eleger nenhum deputado.
Em 2019, o partido foi o quinto mais votado, elegendo cinco deputados. Os maus resultados levaram o presidente do partido, Francisco Rodrigues dos Santos, a apresentar a demissão na noite de domingo.

A noite eleitoral também não foi favorável ao PAN, que perdeu a sua bancada parlamentar de quatro deputados e fica agora apenas representado pela sua líder partidária, Inês Sousa Real.

O Livre mantém, por sua vez, um deputado no Parlamento, conseguindo melhores resultados em concelhos mais jovens e com indicadores ambientais acima da média nacional. Apesar de não ter alcançado o objetivo de obter um grupo parlamentar, o partido atingiu o seu melhor resultado de sempre em legislativas. De recordar que a deputada eleita em 2019, Joacine Katar Moreira, tinha passado a estar no parlamento como independente.
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