Catarina Martins discursou este sábado na abertura da XI Convenção Nacional do Bloco de Esquerda e delineou o que foi o caminho do partido nos três anos de “geringonça”. A coordenadora do BE afirmou que o “voto com medo da direita acabou”. “Esse voto útil morreu. Paz à sua alma”, afirmou num discurso em que atacou fortemente a direita, mas também o PS. “A política mudou porque o PS não teve maioria absoluta e porque cresceu a força da Esquerda”, garantiu Catarina Martins. A líder bloquista quer ver aprovada uma lei que impeça a precariedade e quer acabar com as rendas na energia.
"Agora, o primeiro-ministro congratula-se com o aumento do salário mínimo e felicita-se com o descongelamento e aumentos extraordinários das pensões. Ainda bem. Ainda bem que houve força à esquerda para contrariar as medidas do Programa do PS que pretendiam precisamente o contrário", garantiu Catarina Martins na abertura da Convenção do partido, que decorre em Lisboa.
Para a líder do BE, "a política mudou porque o PS não teve maioria absoluta e porque cresceu a força da esquerda". “Lembrar 2015 é aprender esta lição”, reforçou, dizendo que foi a esquerda que impediu que a receita de austeridade que os socialistas preconizavam no programa eleitoral não fosse aplicada.
"Quando o primeiro-ministro festeja as atualizações automáticas e os aumentos extraordinário das pensões, reconhece a derrota do programa que levou a votos", sustentou.
“Morreu o voto útil. Renasceu a possibilidade do povo impor respeito”, rematou a bloquista, retomando uma ideia que tinha expresso logo no início do discurso. “Aquele voto com medo da direita, que preferia uma solução má a uma solução péssima, esse voto útil morreu. Paz à sua alma”.
"Três desafios colossais"
Continuando a defender aquele que é neste momento o trabalho necessário da esquerda contra o que chamou de “cambalhotas” do Governo, Catarina Martins falou de "desafios colossais" em 2019. A líder do BE quer ver aprovada uma lei que impeça a precariedade e que qualifique o trabalho, considerando ainda que “é tempo de acabar com as rendas na energia”. O terceiro desafio eleito pela líder do Bloco prende-se com uma defesa da lei de bases da Saúde e de responder por transportes públicos de qualidade.
Catarina Martins garantiu perante os militantes que o partido tem agora “mais força, mais conhecimento, mais instrumentos para o que está a fazer”, e sabe mais do que tantos ministros.
"O partido aprendeu muito. Está mais determinante, mais preparado, mais sólido nas suas análises e propostas", disse.
BE não "mudou a cor"
A líder bloquista argumentou que o partido não cedeu às conveniências do poder por fazer parte de um acordo de suporte ao Governo PS, como dizem os críticos.
“Existimos porque somos necessários, somos esse povo que luta”, reforçou Catarina Martins, elencando as lutas e o ativismo dos últimos anos.
A coordenadora bloquista afirmou hoje que o partido "mudou porque cresceu", realçando que, depois da correção do erro no caso do antigo vereador Ricardo Robles, "o Bloco não abriu parêntesis nem mudou de assunto", continuando a defender novas medidas para o setor da habitação. Catarina Martins lembrou que "ninguém viu este Bloco calado, nem por um dia, sobre o problema da habitação nas grandes cidades".
"Começámos a afastar o medo da política", garantiu, lanaçando-se numa resenha do que foi o papel do Bloco em três anos de "geringonça".
Catarina Martins, no entanto, quis avisar os partidos que assumiram o anterior Governo e que motivaram o acordo de Governo de incidência parlamentar para impedir que continuassem a "desgraçar o nosso país". Avisou por exemplo, Assunção Cristas ou Maria Luís Albuquerque que o BE "não esquece o que fizeram".
Resumiu o Governo anterior como aquele que violou constantemente os limites constitucionais, que deixou a economia destruída, desemprego, emigração em massa, privatizações ruinosas, um sistema financeiro preso por um fio e uma democracia descredibilizada.