Cavaco vê “caminho de bom-senso” no adiamento do TGV

por RTP
"É muito importante que os portugueses conheçam as propostas de cada força política", salienta Cavaco Silva Cesare Abbate, EPA

O adiamento da decisão sobre o arranque do projecto de alta velocidade ferroviária em Portugal para a próxima legislatura corresponde a "um caminho de bom-senso", assinalou esta terça-feira o Presidente da República. Cavaco Silva considera que "tudo aquilo que influencia fortemente o futuro dos portugueses deve ser objecto de debate nas eleições que se aproximam".

Cavaco Silva mostrou-se cauteloso perante o cenário de adiamento de uma das principais bandeiras da maioria socialista, agora confirmado pela voz do ministro das Obras Públicas, Mário Lino. Em Vila Nova de Poiares, onde inaugurou um conjunto de empreendimentos da autarquia local, gerida há mais de 30 anos pelo social-democrata Jaime Soares, o Presidente da República sublinhou que ainda carece de "toda a informação". Mas não deixou de deixar claro que, para Belém, adiar um investimento como o TGV é uma questão de "bom-senso".

"Tudo aquilo que influencia fortemente o futuro dos portugueses deve ser objecto de debate nas eleições que se aproximam", frisou Cavaco Silva, estendendo a sua leitura às grandes obras públicas defendidas pelo Executivo de José Sócrates.

No entender do Chefe de Estado, os responsáveis políticos devem ser "muito cuidadosos e ponderados em todas as decisões que tenham influência muito forte no futuro do nosso país", tendo em conta o "tempo económico, financeiro e político que nós vivemos".

"É muito importante que os portugueses conheçam as propostas de cada força política", enfatizou Cavaco Silva. Quanto aos pressupostos da concessão da alta velocidade ferroviária, o Presidente da República garante que a decisão de Belém será tomada "de acordo com os interesses do país".

"Utilização eficaz de recursos escassos"

Antes de rumar a Vila Nova de Poiares, a comitiva presidencial esteve em Ourém, no distrito de Santarém, para a inauguração das novas instalações dos Paços do Concelho. Com a conjuntura económica em pano de fundo, Cavaco Silva aproveitou a ocasião para apelar a "uma visão que ultrapasse o pátio da aldeia, que veja mais longe".

Para acautelar um futuro "sem desperdícios, sem opulência e sem consumismos excessivos", propugnou o Presidente da República, impõe-se enveredar por uma "utilização eficaz dos recursos escassos de que o país dispõe". Um caminho que obriga os decisores a "estar bem preparados, sem desequilíbrios excessivos, com uma qualificação dos recursos humanos adequada e projectos bem preparados para depois dar o salto em frente".

Cavaco Silva considera que os responsáveis políticos devem começar desde já a reflectir sobre uma questão essencial: "Em que condições queremos estar quando esta crise económica e financeira tiver passado".

Da resposta àquela pergunta, insistiu o Presidente, depende o objectivo de "agarrar as oportunidades que vão surgir talvez já no próximo ano".

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