O adiamento da decisão sobre o arranque do projecto de alta velocidade ferroviária em Portugal para a próxima legislatura corresponde a "um caminho de bom-senso", assinalou esta terça-feira o Presidente da República. Cavaco Silva considera que "tudo aquilo que influencia fortemente o futuro dos portugueses deve ser objecto de debate nas eleições que se aproximam".
"Tudo aquilo que influencia fortemente o futuro dos portugueses deve ser objecto de debate nas eleições que se aproximam", frisou Cavaco Silva, estendendo a sua leitura às grandes obras públicas defendidas pelo Executivo de José Sócrates.
No entender do Chefe de Estado, os responsáveis políticos devem ser "muito cuidadosos e ponderados em todas as decisões que tenham influência muito forte no futuro do nosso país", tendo em conta o "tempo económico, financeiro e político que nós vivemos".
"É muito importante que os portugueses conheçam as propostas de cada força política", enfatizou Cavaco Silva. Quanto aos pressupostos da concessão da alta velocidade ferroviária, o Presidente da República garante que a decisão de Belém será tomada "de acordo com os interesses do país".
"Utilização eficaz de recursos escassos"
Antes de rumar a Vila Nova de Poiares, a comitiva presidencial esteve em Ourém, no distrito de Santarém, para a inauguração das novas instalações dos Paços do Concelho. Com a conjuntura económica em pano de fundo, Cavaco Silva aproveitou a ocasião para apelar a "uma visão que ultrapasse o pátio da aldeia, que veja mais longe".
Para acautelar um futuro "sem desperdícios, sem opulência e sem consumismos excessivos", propugnou o Presidente da República, impõe-se enveredar por uma "utilização eficaz dos recursos escassos de que o país dispõe". Um caminho que obriga os decisores a "estar bem preparados, sem desequilíbrios excessivos, com uma qualificação dos recursos humanos adequada e projectos bem preparados para depois dar o salto em frente".
Cavaco Silva considera que os responsáveis políticos devem começar desde já a reflectir sobre uma questão essencial: "Em que condições queremos estar quando esta crise económica e financeira tiver passado".
Da resposta àquela pergunta, insistiu o Presidente, depende o objectivo de "agarrar as oportunidades que vão surgir talvez já no próximo ano".