Congresso do CDS-PP. Moção de Cristas passa de madrugada

por Carlos Santos Neves - RTP
O 27.º Congresso do CDS-PP chega este domingo ao fim com a eleição dos órgãos nacionais do partido Nuno André Ferreira - Lusa

Os ponteiros dos relógios já se aproximavam das 4h00 deste domingo quando Assunção Cristas viu aprovada com braços erguidos a sua moção de estratégia global, “Um passo à frente”. No cair do pano sobre o 27.º Congresso do CDS-PP, os delegados reunidos em Lamego são chamados a eleger os órgãos nacionais.

Como era esperado, só duas das oito moções submetidas ao Congresso dos democratas-cristãos foram a votos – “Um passo à frente”, da líder, e “Um serviço a Portugal”, de Miguel Mattos Chaves. O documento de Cristas só seria sufragado pelas 3h50, de braço no ar e sem contagem voto a voto, pela maior parte dos delegados presentes na reunião magna.
No primeiro discurso ao Congresso, Assunção Cristas assumiu o objetivo de liderar “o centro e a direita”, elegendo como primeiros adversários António Costa e as “esquerdas unidas” ou “encostadas”. Quanto ao PSD, serão “amigos”, mas concorrentes.

O processo foi depois encerrado por Luís Queiró, presidente da Mesa do Congresso, que convocou “uma grande salva de palmas para Assunção Cristas”.

Antes deste momento, numa breve intervenção, após quase 17 horas de trabalhos, a líder falara aos delegados para reclamar “uma votação expressiva”, retomando palavras de João Almeida, porta-voz do partido.

“O João Almeida dizia que não podemos estar à espera da força dos outros, temos de construir a nossa própria força. É isso que estamos a fazer, na diversidade, com uma grande união”, lançou.

Depois de ter resumido a tarde de discussão de moções como “intensa” – e de assinalar, uma vez mais, ter visto “um partido fortemente unido num objetivo comum”, tornar-se “a grande alternativa às esquerdas unidas” -, Cristas projetou um alargamento futuro da duração dos congressos, para três dias.

“A dois anos, e eu queria que vocês pusessem nas vossas agendas, já podemos pensar em dois dias inteiros, com duas noites de Congresso, e digo-vos com esta antecedência para todos começarmos a por algum dinheiro de lado de maneira a que haja um dia inteirinho para podermos ter uma grande e forte discussão e podermos dormir mais horas de sono”, propugnou.

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O Congresso ainda reprovou um requerimento a propor que as moções fossem votadas pela 1h00, encerrando-se em seguida os trabalhos. O que obstaria às intervenções de oradores inscritos.
Eleição da direção

Ao segundo e último dia de trabalhos, o Congresso vai eleger os órgãos nacionais, incluindo a direção de Assunção Cristas, num processo que deverá ocupar os delegados até às 12h. Segue-se a proclamação dos resultados e o discurso de encerramento da líder.Além da homenagem a Adriano Moreira, o primeiro dia de trabalhos ficou marcado pelo anúncio de que Nuno Melo será o cabeça de lista para as europeias.

Sabe-se já que a nova Comissão Executiva do partido, ou a cúpula, terá um terço de mulheres. A médica e deputada Isabel Galriça Neto, a doutoranda Graça Canto Moniz e Raquel Vaz Pinto, docente universitária, são novos nomes.

Nuno Melo, Adolfo Mesquita Nunes e Cecília Meireles mantêm-se como vice-presidentes.

A Comissão Executiva conserva também os nomes de João Rebelo, novo coordenador autárquico, Nuno Magalhães, líder parlamentar, Pedro Morais Soares, secretário-geral, Álvaro Castelo Branco, Domingos Doutel, Filipe Anacoreta Correia e Ana Rita Bessa mantêm-se igualmente na Comissão Executiva.

António Lobo Xavier é de novo o número um da lista para o Conselho Nacional. A este órgão máximo do CDS entre congressos concorrem duas listas alternativas à de Cristas, encabeçadas por Filipe Lobo d’Ávila e Abel Matos Santos, figura da corrente Esperança em Movimento.

Em Lamego, este domingo, vai estar o líder do PSD, Rui Rio, a reciprocar a presença de Assunção Cristas, há três semanas, no Congresso laranja.

À frente da delegação do PS está a secretária-geral adjunta Ana Catarina Mendes e o Governo é representando por Pedro Nuno Santos, secretário de Estado dos Assuntos Parlamentares.

BE e PCP não se fazem representar, ao contrário do Partido Ecologista “Os Verdes” e do partido Pessoas-Animais-Natureza.

c/ Lusa
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