Convenção da AD. Nuno Melo compara voto no PS a "comprar bilhete para o Titanic"

por Inês Moreira Santos, Carlos Santos Neves - RTP
“Para que fique claro, o único governo que a AD vai viabilizar depois de 10 de março vai ser o governo da AD” António Pedro Santos - Lusa

Nuno Melo quis deixar claro este domingo, diante da plateia da Convenção por Portugal, que “o único governo” que a coligação entre PSD, CDS-PP e PPM admite viabilizar “vai ser o governo da AD”. O líder dos democratas-cristãos ensaiou ainda uma comparação entre o voto nos socialistas e a compra de um “bilhete para o Titanic” sabendo que o navio “vai afundar”.

Foi um discurso preenchido de críticas ao PS aquele que marcou o início dos trabalhos da convenção da Aliança Democrática, no Centro de Congressos do Estoril. Todavia, na sua intervenção, Nuno Melo tratou também de deixar uma resposta à extrema-direita, em concreto ao Chega de André Ventura, que no sábado associou a entrada do ex-dirigente do PSD Maló de Abreu nas listas do seu partido ao descontentamento com o posicionamento da coligação pré-eleitoral.

Melo instou mesmo o líder do Chega a não "tresler o pensamento dos outros" e a "deixar de ser o aliado útil das esquerdas, disponível para apresentar moções de rejeição a este governo da AD, para dar a mão ao PS, ao Bloco de Esquerda, à CDU, ao PAN e ao Livre".“Perceba quais são as prioridades em Portugal. Porque nós disso não fazemos nenhuma confusão”, vincou Nuno Melo, dirigindo-se a André Ventura.


“O único governo que a Aliança Democrática vai viabilizar depois de 10 de março vai ser o governo da AD quando vencermos as eleições, contados todos os votos”, quis então afiançar o presidente do CDS-PP.
“Vai ser o único governo que vamos viabilizar”, insistiu.

Ainda segundo o líder dos democratas-cristãos, a vitória da Aliança Democrática nas legislativas antecipadas é “uma questão de interesse nacional, muito mais do que o interesse do Partido Social Democrata e do CDS-PP”.
AD “não é coisa do passado”
Outra ideia defendida por Nuno Melo neste discurso foi a de que a Aliança Democrática “não é coisa do passado, é coisa do presente”, uma vez que, exemplificou, PSD e CDS-PP estão coligados em dezenas de autarquias e na Madeira e nos Açores.

“E vai medir-se no próximo dia 10 de março no governo de Portugal”, anteviu.

Recorde-se que na última semana, em entrevista à CNN, Nuno Melo afirmou defender que “quem ganha deve governar”. Questionado sobre se a AD deveria viabilizar um eventual governo minoritário do PS, mesmo verificando-se uma maioria de centro-direita, o líder do CDS-PP retorquiu: “É o que eu defendo, o que reclamo para a coligação deve ser aplicável a todos os outros, falo por mim enquanto presidente do CDS-PP”.

Criticado por André Ventura, Nuno Melo emitiu no sábado um comunicado a acusar o líder do Chega de “tresler o pensamento alheio”.

“Em condições normais quem vence deve governar. Mas a AD não viabilizará um governo de esquerda, em primeiro lugar porque vencerá as eleições e em segundo lugar porque a normalidade desapareceu quando o PS governou tendo perdido as eleições e Pedro Nuno Santos esclareceu que não viabilizará um governo à sua direita, abrindo as portas a uma geringonça 2.0, que seria um desastre para Portugal. As regras têm de ser iguais para todos”, propugnava no sábado o presidente do CDS-PP.
“Rombo permanente nas finanças públicas”
Entre as críticas aos adversários no discurso deste domingo, que disse saber “muito bem” quem são, Nuno Melo comparou Mariana Mortágua e André Ventura a José Sócrates.

“O Bloco de Esquerda e o Chega garantiriam um rombo permanente nas Finanças Públicas. Em comum, a Mariana Mortágua e o André Ventura têm a capacidade para levar Portugal à banca rota tal qual como José Sócrates. Só que mais rápido”, lançou.

Mas o verdadeiro adversário que a Aliança Democrática “tem de derrotar” é o PS. “A melhor avaliação do Governo socialista foi feita por Pedro Nuno Santos quando disse não quero mais ver Portugal a arrastar os pés”, citou Melo, referindo-se ao discurso do novo secretário-geral do PS quando venceu as eleições internas em dezembro.

Nuno Melo enfatizou que “quem manteve Portugal a arrastar os pés durante oito anos não vai ser agora capaz de os pôr a correr e a saltar obstáculos”.

Nas palavras de Nuno Melo, se já antes o Partido Socialista não merecia ganhar as eleições, "agora merecia perder as eleições por razão de princípio e por razão de decência". Além disso, reforçou, o PS não se define "pelos últimos dois meses", mas "pelos oito anos de governo".

"É pelos oito anos que o Partido Socialista não merece ganhar as eleições", insistiu.

c/ Lusa
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