Convenção da AD. Portas prescreve "cura de oposição para o PS"

por Inês Moreira Santos, Carlos Santos Neves - RTP
Paulo Portas disse ter ido à convenção da AD como "um ato de cidadania livre e um dever de consciência" António Pedro Santos - Lusa

Paulo Portas pautou este domingo o discurso que levou à Convenção por Portugal, da Aliança Democrática, por um ataque político cerrado aos socialistas, advertindo para o que descreveu como "muita desesperança" entre o eleitorado. O antigo vice-primeiro-ministro defendeu também uma "cura de oposição para o PS" e manifestou o desejo de que a coligação entre PSD, CDS-PP e PPM vença as legislativas "com margem".

"A 10 de março, a AD deve vencer, deve vencer com margem, o PS deve ir para a oposição, será bom para Portugal e para o próprio PS ter uma cura de oposição. Portugal deve ter um novo governo e esse governo deve ser um governo de mudança", sustentou o antigo líder do CDS-PP e atual comentador televisivo.

Paulo Portas quis, no entanto, avisar que "a eleição ainda não está decidida": "Há muita desinformação, há muita manipulação, muita confusão e há na sociedade portuguesa margens importantes de desesperança".Paulo Portas disse ter ido à convenção da AD como "um ato de cidadania livre e um dever de consciência": "O meu contributo aqui é apenas o de tentar ordenar ideias para ajudar a ordenar as escolhas".

No início do discurso, ao longo do qual captou sonoros aplausos da plateia, o antigo governante prometeu falar sobretudo aos indecisos, propondo-se oferecer-lhes "razões e não chavões" para votarem na Aliança Democrática.

"A meu ver, a principal missão da AD até 10 de março é dar garantias a quem ainda tenha receios, substituir o ressentimento e desesperança por dar uma oportunidade à mudança e não deixar prevalecer a resignação com o que temos e que não é bom", clamou.
Pedro Nuno Santos "não é o mais qualificado"
Já de baterias assestadas ao secretário-geral do PS, Portas propugnou que um político que, nas suas palavras, mostra "tanta leviandade" em sectores que tutelou e "tanta amnésia" nas decisões "não é o mais qualificado" para governar.

"O PS quer, entre aspas, vender a imagem de Pedro Nuno Santos como um político decidido", carregou o antigo número dois do Governo de Pedro Passos Coelho, para advogar, em seguida, que "decidir bem é muito mais importante do que decidir mal".

De acordo com Paulo Portas, Pedro Nuno Santos, enquanto ministro, "não mostrou preparação e revelou várias vezes impulsividade".Citando uma frase de António Costa – “Só o PS pode fazer melhor que o PS” – Paulo Portas quis deixar uma sugestão de correção: “Só o PS pode fazer pior que o PS”.


"Se António Costa teve um problema quando recebeu a maioria absoluta, não conseguir recrutar gente competente, salvo exceções, na sociedade civil, na universidade ou nas empresas, e ter de fazer um governo essencialmente de apparatchiks, imaginem o que aconteceria se Pedro Nuno Santos recebesse um mandato para governar"
, afirmou.

Lembrando o que motivou as próximas eleições legislativas, antecipadas pela demissão de Costa, o antigo vice-primeiro-ministro repetiu que é necessário “um governo de mudança” ou o que “teremos não é uma repetição do PS, mas sim uma repetição da geringonça com um primeiro-ministro inexperiente, mais esquerdista e com o Bloco e o Partido Comunista sentados no Conselho de Ministros”.

Seria certamente, continuou, “o governo mais radicalizado desde 1976”.

Quanto à ameaça de moção de rejeição de um governo da Aliança Democrática, Paulo Portas acusou o Chega de ter tido “um delírio” e de ter pedido apoio aos adversários para criar “caos político”.
"Há uma tenaz virtual"
Num discurso que ocupou cerca de meia-hora, Paulo Portas apontou o que disse ser "uma tenaz virtual" contra a Aliança Democrática que tem por "único objetivo perpetuar o PS no poder".Portas apelou aos eleitores com eventuais "tentações populistas" para que "tenham cuidado" com os exemplos externos. O Brexit e o assalto ao Capitólio, em Washington, foram exemplos evocados.


"Como já todos notámos, anda por aí uma tenaz virtual a que querem submeter a coligação. Esta eleição disputar-se-ia entre um PS supostamente reinventado e um populismo supostamente interessante. Essa tenaz virtual tem um único objetivo: perpetuar o PS no poder", denunciou.

"Os dois polos beneficiam mutuamente desta tenaz virtual. Eu sugiro, como aliás tem sido feito, que a coligação oponha a essa tenaz virtual a bipolarização entre dois projetos de governo, a bipolarização nunca foi radicalização, mas a clarificação de opções, porque há dois modelos para governar Portugal e um está muito deteriorado", sustentou Paulo Portas.

Numa análise da situação política, económica e internacional, o convidado do CDS-PP para intervir na convenção afirmou que “um governo da AD gera mais confiança económica e uma geringonça 2.0" acabaria por gerar "menos confiança, menos investimento e, portanto, menor crescimento”.

“O mesmo acontece se no dia 10 março não fecharmos a crise e, em vez disso, abrirmos outra”.

c/ Lusa

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