Conversa Capital com Francisco Assis, presidente do Conselho Económico e Social
É preciso recuperar a capacidade de diálogo. Em entrevista à Antena1 e ao Jornal de Negócios, Francisco Assis, presidente do Conselho Economico e Social, apela à existência de um debate político "elevado" e "fraturante" durante a campanha, para se perceber as linhas de divisão que existem entre as diferentes forças políticas, e a um diálogo posterior às eleições, em que haja disponibilidade de todos os partidos para conversar, incluindo o PS.
Francisco Assis dá como exemplo as nomeações para as administrações hospitalares que são feitas segundo critérios político partidários, situação que não faz sentido. O antigo líder parlamentar do PS, lembra que muitas vezes o aparelho dos partidos tenta tomar de assalto o aparelho do Estado e para evitar isso, os líderes políticos tem de ser fortes e impor-se com entendimentos que estabeleçam limites.
Não diz se confia em António Costa para fazer esse diálogo, mas adianta que o líder do PS tem capacidade e já manifestou essa disponibilidade. Aliás, considera que esse diálogo tem de ser feito mesmo que algum partido ganhe com maioria absoluta.
Francisco Assis contesta o facto de se ter levado a legislação laboral para a discussão da proposta do Orçamento do Estado e não tem dúvidas que essa situação foi uma das coisas que provocou a crise política. Mais: considera que se devia esperar pela eleição do novo parlamento, para votar a legislação relacionada com a legislação laboral.
Assis reitera que o que esteve em causa para o fim do entendimento à esquerda não foi um chumbo ao orçamento mas uma divergência de fundo, sobre a forma como o país estava a ser conduzido.
Já quanto à próxima reunião da concertação social, em que vai ser discutido o salário mínimo, sabendo-se desde já que mesmo sem acordo avança o aumento para os 705 euros, Francisco Assis diz que vão ser discutidas compensações às empresas mas recusa que essa tenha sido a moeda de troca para os patrões regressarem à mesa das negociações.
Uma entrevista conduzida pelos jornalistas Rosário Lira, da Antena1 e Catarina Almeida Pereira do Jornal de Negócios.