Na véspera da reunião extraordinária da Comissão Nacional socialista, José Luís Carneiro "está a dar prioridade aos contactos com militantes e autarcas" e "conta com todos para decidir os destinos do partido". No entanto, os apelos à reflexão profunda antes de escolher o novo líder, por um lado, e a urgência em escolher um novo secretário-geral, por outro, são os sinais das diferentes opiniões no seio do partido.
Não será, por isso, exagerado afirmar que o silêncio imediato é o único ponto que parece reunir de facto o consenso total no PS.
José Luís Carneiro continua a ser o único candidato à sucessão de Pedro Nuno Santos. Foi, aliás, o primeiro nome a anunciar a candidatura, um ano e meio depois de ter perdido a liderança socialista para o atual líder demissionário.
A candidatura faz saber à RTP que "José Luís Carneiro está a dar prioridade aos contactos com militantes e autarcas. Quer falar primeiro com os camaradas da comissão nacional deste sábado. Está também centrado no desafio das autárquicas e continua a transmitir aos camaradas que conta com todos para decidir os destinos do partido. Saber ouvir e dar voz será um dos seus lemas”.
A ex-ministra dos governos de António Costa referiu, numa publicação na rede social Instagram, que, "tendo em conta o calendário com que fomos confrontados - de estarmos a poucos meses de umas eleições autárquicas cujo tempo já tinha sido interrompido pelas legislativas -, entendemos ir ao encontro do apelo de unidade do partido, não apresentando uma candidatura que forçasse uma disputa interna em período eleitoral e prejudicasse a profunda reflexão que nos é exigida - para a qual estamos todos convocados".
Antes desta conclusão, Mariana Vieira da Silva lembrou que tem defendido ser "o tempo do PS fazer um debate alargado e profundo sobre a estratégia a seguir e sobre a pessoa certa para a liderar".
Nesta publicação na rede social Instagram, a ex-ministra revela ter falado, nos últimos dias, com "muitos militantes e simpatizantes do PS", onde concluiu que existia espaço "para uma candidatura alternativa". No entanto, não avança agora.
No mesmo sentido vai a decisão de Fernando Medina, que anunciou não ser candidato no canal Now, quinta-feira à noite. O ex-ministro das Finanças defende união dentro do PS a caminho das autárquicas, mas implicitamente criticou José Luís Carneiro.
"Creio que o lançamento de uma candidatura na segunda-feira (por José Luís Carneiro), iniciou um processo interno, no fundo contagem de espingardas, que na prática inviabiliza que esse debate profundo se faça antes de uma eleição direta", declarou Medina.
Eles consideram que só desta forma será possível permitir um amplo processo de reflexão e de abertura à sociedade civil.
Refletir e corrigir
Refletir e corrigir
Este sábado, há reunião extraordinária da Comissão Nacional, em Lisboa, para análise da situação política face aos resultados eleitorais do passado dia 18 de maio e para aprovar os calendários e regulamentos eleitorais.
Em pano de fundo, surge o alerta do histórico socialista Manuel Alegre para quem o PS corre o risco de se tornar dispensável.
Em declarações ao jornal Público, Manuel Alegre afirma que o partido está fechado em si mesmo e que precisa de restabelecer a ligação à sociedade civil.
Para o histórico do PS, os socialistas têm que refletir e corrigir os problemas estruturais antes de escolher um novo secretário-geral.
Tópicos