O líder do PSD desafiou este sábado o primeiro-ministro a pôr em prática a sua "habilidade política" para resolver "os assuntos" do país, para sublinhar que "ser hábil não é ser habilidoso". No 3.º Encontro Nacional dos Autarcas Social-Democratas, Luís Montenegro descreveu um "pântano político" de assinatura socialista, voltando a afirmar que o maior partido da oposição está pronto "para ser protagonista da mudança".
"Faço um apelo último ao primeiro-ministro: use os instrumentos que tem à sua disposição. É afamado em termos de habilidade política, use-a. E convém dizer que ser hábil não é ser habilidoso. Ser hábil é resolver, ser habilidoso é ludibriar. Resolva os assuntos", instou Montenegro, dirigindo-se a António Costa.O 3.º Encontro Nacional dos Autarcas Social-Democratas decorre em Lisboa sob o tema Autarquias, que futuro?.
O PSD está preparado "para ser protagonista dessa mudança", nas palavras do líder laranja.
No entender de Luís Montenegro, "é preciso que o país perceba se o doutor António Costa já desistiu de Portugal, já desistiu de governar Portugal e de dar dignidade ao Governo da República Portuguesa". E impõe-se pôr cobro ao que descreveu como "balbúrdia política e institucional". "Se o primeiro-ministro entende que é normalizando as anomalias e mantendo tudo na mesma que vai recuperar a credibilidade, a confiabilidade, a dignidade do seu Governo, se o primeiro-ministro entende que é a permanecer impávido e sereno longe da arena, desaparecido em combate - a casa arde mas o dono da casa está fora -, se o primeiro-ministro acha que é isto que vai induzir o país a acreditar no seu futuro, então mais vale mudar de primeiro-ministro", reforçou o presidente do PSD.
"Hoje, mais do que nunca e talvez mais cedo do que era suposto, nós estamos cada vez mais focados em construir uma alternativa política de Governo para Portugal".
O caso do ex-adjunto de Galamba
Neste discurso, Montenegro considerou ainda "muito importante" apurar o que aconteceu, no final de abril, no Ministério das Infraestruturas, ou seja, o caso que envolve Frederico Pinheiro, ex-adjunto de João Galamba.
Todavia, o dirigente partidário contrapôs que há coisas "mais importantes", enumerando a devolução do poder de compra às famílias, a atribuição de médico de família a todos os portugueses e encontrar soluções para a instabilidade no domínio da educação.
Luís Montenegro abordou também o tema dos fundos europeus, acusando o PS de ver o Plano de Recuperação e Resiliência como "uma espécie de orçamento suplementar".
"O doutor António Costa durante anos foi-se gabando que não apresentava orçamentos retificativos. De facto, ele foi empurrando para debaixo do tapete tudo o que foram as cativações que forçaram o país a sofrer o maior desinvestimento nos serviços públicos desde o 25 de Abril. E agora usa o PRR para quê? Não é para criar mais competitividade e produtividade na economia, é para suprir, para retificar a política orçamental que andou a executar nos últimos anos", concluiu.
c/ Lusa