Entrevista RTP. António Costa pede estabilidade para a nova legislatura

por RTP

O primeiro-ministro pede estabilidade política para quatro anos e não vê perigo na maioria absoluta. Em entrevista à RTP, António Costa admitiu, ainda, dialogar com o PCP e o Bloco de Esquerda e não fecha a porta ao PSD. Costa adiantou, ainda, que sairá da liderança do PS, se perder as eleições legislativas antecipadas.

Na entrevista da última noite, o primeiro-ministro rejeitou a ideia de que uma eventual maioria absoluta acarrete perigos para a democracia. Assumiu, todavia, que não deixará de procurar um acordo "duradouro" à esquerda, caso não alcance esse desígnio.

"Peço o voto dos portugueses uma solução estável para quatro anos de Governo. Com ou sem maioria, não deixarei de dialogar", afirmou António Costa, durante a entrevista conduzida pelo jornalista António José Teixeira.

Questionado sobre o cenário da maioria relativa, António Costa redarguiu: "Procurarei um entendimento duradouro com os nossos parceiros".

Costa recuaria ao ao período em que assumiu a presidência da Câmara Municipal de Lisboa, a partir de 2013, para minimizar os perigos de uma maioria absoluta do PS.

"Acho que ninguém tem medo da minha ação e da forma como governamos, ninguém tem dúvidas de que o Presidente da República não deixará de estar atento, que a comunicação social estará atenta e que o poder judicial é livre e independente".
"A escolha fundamental"
Quanto às próximas legislativas, o secretário-geral socialista sustentou que "a escolha fundamental dos portugueses é se querem regressar a um Governo do PSD ou se querem dar continuidade a um Governo do PS".

"E, dando continuidade a um Governo do PS, em que condições querem que o Governo do PS governe: Querem dar força a esse Governo para poder governar de forma estável, de uma forma duradoura, ou não querem. É uma opção dos portugueses. Eu estou de bem, eu ficarei de bem qualquer que seja a votação".
"A humildade"
O líder socialista diria ainda que os políticos devem ter a "humildade de perceber que quem escolhe em eleições os resultados das eleições são os portugueses".

"Há uma lição que todos temos a retirar destes anos: bati-me por esta solução, mas não escolho a orientação nem do PCP nem do BE. Se o PCP e o BE optaram por ser partidos de protesto, tenho de respeitar. Custa-me muito, devo dizer, porque acho que foi um desperdício de oportunidades", propugnou.

Quanto a PCP e BE, Costa indicou que, após as eleições de 30 de janeiro, "novos tempos virão".

"Portanto, eu não vou querer estar aqui a abrir a ferida, andar aqui a remoer no tema. Há eleições, é um ciclo novo que se abre. Aquilo que eu digo aos portugueses, com toda a clareza, é o seguinte: Peço que nos deem força para podermos governar de forma estável durante os próximos quatro anos".
Geringonça morreu?
Confrontado com a tese de que a geringonça "morreu", tal como afirmou recentemente Manuel Alegre, António Costa concordou e comentou que o histórico socialista "passou o atestado de óbito".

"Esta fórmula, como tivemos desde 2016, até agora, essa indiscutivelmente acabou, É uma questão de facto. O que é que virá a seguir? Vamos ver o que os portugueses decidem que venha a seguir", disse.

Já sobre um eventual entendimento do PS com o PSD a seguir às eleições, António Costa evitou alargar-se na resposta: "Primeiro, é preciso deixá-los arrumarem-se a si próprios, e depois falamos sobre os partidos à direita do PS. Neste momento, como é sabido, estão num processo interno, a arrumar a sua própria casa. Não vou interferir nesse processo. É um processo que lhes diz respeito".

Veja aqui
a entrevista na íntegra.
PUB