Habitação. Marcelo insiste que Governo podia ter ido mais longe

por RTP
“A função de presidente é de, quando concorda, dizer porque é que concorda e, quando discorda, porque é que discorda” António Cotrim - Lusa

O presidente da República reiterou esta quarta-feira que as medidas do Governo de António Costa para o sector da habitação deviam ter ido mais longe. Marcelo Rebelo de Sousa ressalva que não é líder da oposição, mas enfatiza que pode discordar do Executivo.

“O presidente acha que talvez se pudesse ir um pouco mais longe. O primeiro-ministro acha que não. Que chega ficar onde fica e por isso apresentou o que fica. Veremos depois se a habitação e se o apoio aos inquilinos e aos que neste momento estão a sofrer com os juros do crédito à habitação, se aquilo que é aprovado, consegue atingir os objetivos, ou não”, afirmou.“Algum passo se dá, por isso é que o promulguei”, assinalou o chefe de Estado.

Marcelo Rebelo de Sousa recordou “que o presidente obviamente não é, nem nunca será líder da oposição”.
“O presidente espera que a legislatura dure até ao fim. São dois anos e meio que faltam, aproximadamente”, acentuou ainda Marcelo.

Para o chefe de Estado, “a função de presidente é de, quando concorda, dizer porque é que concorda e, quando discorda, porque é que discorda”.

“O primeiro-ministro inaugurou uma nova forma de explicar aos portugueses que há outras medidas e que, em termos fiscais, o que está apresentado é suficiente”, acrescentou Marcelo.

O presidente da República explicou ainda que o Palácio de Belém promulga os diplomas, mas que cabe ao Palácio de São Bento referendá-los.
"Diversas medidas fiscais"

O primeiro-ministro respondera na última noite ao presidente, na sequência das críticas de Marcelo ao Programa + Habitação. O gabinete de António Costa quis destacar, em comunicado, que este instrumento “contém diversas medidas fiscais que o Governo submeterá à Assembleia da República, que, nos termos da Constituição, tem competência exclusiva para legislar sobre esta matéria”.

Este Programa contém diversas medidas fiscais que o Governo submeterá à Assembleia da República, que, nos termos da Constituição, tem competência exclusiva para legislar sobre esta matéria, tendo em vista a criação de incentivos fiscais ao arrendamento acessível, a diminuição da tributação em IRS para os senhorios e o desagravamento da taxa de IVA para a construção e reabilitação de imóveis destinados ao arrendamento, entre outros incentivos fiscais”, enumera, em seguida, o gabinete do chefe do Executivo”, lê-se na nota de São Bento.

Na terça-feira, em declarações proferidas durante uma deslocação a instalações da CMTV, o presidente da República sustentou que o pacote do Governo para a habitação “é inoperacional, quer no ponto de partida, quer no ponto de chegada”.

Marcelo Rebelo de Sousa comparou mesmo o programa às “chamadas leis cartazes”, que “aparecem a proclamar determinados princípios programáticos mais panfletários, mas a ideia não é propriamente que passem à prática, não, é que fiquem leis cartazes”.
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