Inquérito à tutela política da gestão da TAP. Fernando Medina fecha audições no Parlamento

por RTP
Fernando Medina é o último a ser ouvido na comissão parlamentar de inquérito à tutela política da gestão da TAP António Pedro Santos - Lusa

As audições na comissão parlamentar de inquérito à tutela política da gestão da TAP terminam esta sexta-feira com o ministro das Finanças. Depois de, na véspera, os deputados terem ouvido Pedro Nuno Santos, ex-ministro das Infraestruturas, Fernando Medina deverá ser questionado sobre a nomeação de Alexandra Reis para a NAV e, em seguida, para o Governo, meses depois de ter saído da administração da transportadora aérea com uma indemnização de meio milhão de euros.

Fernando Medina assumiu a pasta das Finanças a 30 de março de 2022, cerca de um mês após a saída de Alexandra Reis da administração da TAP.

Depois de uma passagem pela presidência da NAV Portugal - Navegação Aérea, a ex-administradora da companhia aérea de bandeira foi chamada à equipa do Ministério das Finanças, já no final do ano, tendo então assumido o cargo de secretária de Estado do Tesouro. Acabaria por demitir-se após a publicação das notícias sobre a indemnização de 500 mil euros que recebeu da TAP.A audição de Fernando Medina, que tem início às 11h00, é a derradeira nos trabalhos deste inquérito parlamentar, que arrancaram a 29 de março. Houve cerca de seis dezenas de audições.

Em janeiro, em sede de comissão parlamentar de Orçamento e Finanças, Medina afirmou ter estado por uma ocasião com Alexandra Reis, antes de esta ser convidada para o Ministério.

O ministro das Finanças enfatizou ainda que a ex-administradora da TAP não fazia parte do seu núcleo de amigos, em resposta a questões sobre a relação da sua mulher e ex-diretora jurídica da companhia aérea, Stéphanie Sá Silva, com Alexandra Reis.

Por sua vez, Alexandra Reis sustentou, em abril, diante da comissão de inquérito, que a sua relação com a mulher do ministro das Finanças era "estritamente profissional".

Fernando Medina vincou também que, no Ministério das Finanças, não foi "encontrado registo" sobre a indemnização de meio milhão de euros atribuída a Alexandra Reis. Já a escolha da ex-administradora para a sua equipa foi justificada com um "currículo bem firmado na gestão pública portuguesa".

Foi a 6 de março que Medina e o ministro das Infraestruturas, João Galamba, anunciaram, em conferência de imprensa, que haviam decidido exonerar por justa causa a presidente executiva da TAP, Christine Ourmières-Widener, a par do presidente do Conselho de Administração, Manuel Beja. Isto na esteira das conclusões da auditoria da Inspeção-Geral de Finanças ao processo que culminou com a indemnização de Alexandra Reis.

A ex-CEO deverá contestar o despedimento em tribunal e, se o caso for decidido a seu favor, poderá ver-lhe atribuída uma indemnização elevada.
"Correu mal"

Ouvido na quinta-feira, Pedro Nuno Santos reconheceu que o processo da saída de Alexandra Reis "correu mal". Admitiu mesmo que os 500 mil euros de indemnização constituem um valor elevado "em qualquer país do mundo".
Durante uma prolongada audição, o ex-ministro das Infraestruturas rejeitou ainda que a TAP tenha sido gerida por WhatsApp.

Pedro Nuno Santos argumentou que "não podia arrastar-se no Governo", justificando o seu pedido de demissão com a perceção pública face às notícias sobre Alexandra Reis.
O ex-ministro, que anunciou o regresso à condição de deputado a 4 de julho, revelou ter falado com Frederico Pinheiro e que, enquanto foi ministro, o plano de reestruturação da TAP nunca esteva apenas no computador de um adjunto.

c/ Lusa
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