"Numa Europa a sério o presidente do Eurogrupo já estava demitido"

por RTP
"Xenófobas, racistas e sexistas". António Costa classifica desta forma declarações do presidente do Eurogrupo sobre os países do sul da Europa Rafael Marchante - Reuters

O primeiro-ministro, António Costa, considera que as recentes declarações de Jeroen Dijsselbloem sobre países do sul da Europa são "xenófobas, racistas e sexistas" e pede o afastamento imediato do presidente do Eurogrupo.

Foi num tom severo que António Costa reagiu às recentes declarações de Jeroen Dijsselbloem, que acusou os países do sul da Europa de gastarem todo o dinheiro em "copos e mulheres", e depois pedirem ajuda financeira. 

As declarações foram registadas em declarações ao diário alemão Frankfurter Allgemeine Zeitung, no passado domingo, num contexto em que se falava da crise das dívidas soberana. Mas a questão ganhou dimensão no Parlamento Europeu, na passada terça-feira, quando vários eurodeputados espanhóis exigiram um pedido desculpas. Mas o atual presidente do Eurogrupo não se mostrou arrependido.

O incidente já tinha levado a um pedido de demissão por parte do Governo português, pela voz de Augusto Santos Silva. O ministro dos Negócios Estrangeiros exigiu o afastamento de Dijsselbloem, na sequência das declarações “muito infelizes, e do ponto de vista português, absolutamente inaceitáveis”.

O primeiro-ministro português reforça este pedido e reitera que “numa Europa a sério, o senhor Dijsselbloem já estaria demitido”. Para o chefe de Governo, as declarações de Jeroen Dijsselbloem sobre parte dos países da União Europeia são “xenófobas, racistas e sexitas”.

"A Europa só será credível com um projeto comum no dia em que o senhor Djisselblom deixe de ser presidente do Eurogrupo e haja um pedido de desculpas claro, relativamente a todos os países e povos que foram profundamente ofendidos por estas declarações", disse o primeiro-ministro.
"Certidão de óbito"
Num comentário feito à margem das conferências Football Talks, no Estoril, António Costa classifica as declarações como "absolutamente inaceitáveis" e "muito perigosas", que demonstram o perigo do populismo, até porque o populismo "não está só naqueles que têm a coragem de assumir que o são, está também naqueles que aparecendo com pele de cordeiro", acrescentou.

“Com declarações deste género, interrogamo-nos se daqui a dois dias, em Roma, vamos fazer um voto para partilhar o futuro da Europa, ou estamos a assinar a certidão de óbito”, disse o primeiro-ministro, referindo-se à cerimónia do próximo sábado, onde se vão assinalar os 60 anos do Tratado de Roma.
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