PS mantém-se à carga. Direção de Costa considera que Cavaco "perdeu sentido de Estado"

por Carlos Santos Neves - RTP
Aníbal Cavaco Silva encerrou no sábado o Encontro Nacional de Autarcas Social-Democratas e sugeriu ao primeiro-ministro que se demita André Kosters - Lusa

Aníbal Cavaco Silva "perdeu o sentido de estado" e está "inconformado" com a sua "grande impopularidade" no país - o diagnóstico é do secretário-geral adjunto do PS. João Torres reagiu assim, este domingo, ao discurso com o qual o antigo presidente da República encerrou, na véspera, o Encontro Nacional de Autarcas Social-Democratas. Sucedem-se as declarações socialistas de repúdio pelas duras críticas dirigidas ao Governo de António Costa.

"A agressividade e a violência verbal a que o país ontem assistiu por parte de um antigo primeiro-ministro e antigo presidente da República revelam que o professor Cavaco Silva perdeu o sentido de Estado que se exige", readarguiu João Torres, ouvido pelos jornalistas à margem da gala dos 50 anos do PS de Braga, no Theatro Circo.

"Essa agressividade e violência verbal que o professor Cavaco Silva utilizou revelam também que está, de alguma forma, inconformado com o facto de ter uma grande impopularidade no nosso país", acentuou.

O secretário-geral adjunto do PS estimou ainda que Cavaco protagonizou, em Belém, "um mandato de que nenhum português tem particular boa memória"."Parece que o professor Cavaco Silva está mal resolvido com o seu passado", lançou João Torres.


Desde a noite de sábado, uma sucessão de nomes socialistas, incluindo o deputado João Azevedo e o líder da bancada parlamentar Eurico Brilhante Dias, reprovou o que o partido entende ser um discurso eivado de "raiva e ódio". O antigo chefe de Estado foi também acusado de servir de "muleta" ao atual líder do PSD, Luís Montenegro.

Por sua vez, o PCP disse dispensar os palpites de um dos rostos responsáveis por más situações do país. Em contraste, à direita, a Iniciativa Liberal considerou que Cavaco foi ao encontro dos alertas do partido, ao passo que o Chega falou de uma mensagem certeira.

Ao encerrar o encontro com autarcas laranjas, no final da tarde de sábado, Cavaco Silva acusou o Governo de ser especialista em "mentira e propaganda".

"Há que resgatar o debate político porque ele é importante em democracia. Segundo o que vemos, ouvimos e lemos, existem duas áreas em que o Governo socialista é especialista: na mentira, e na propaganda e truques", disparou o antigo presidente.

Estimando que António Costa "perdeu a sua autoridade" enquanto primeiro-ministro, Cavaco sugeriu-lhe um pedido de demissão, em forma de "rebate de consciência".

"Em princípio, a atual legislatura termina em 2026. Mas às vezes os primeiros-ministros, em resultado de uma reflexão sobre a situação do país ou de um rebate de consciência, decidem apresentar a sua demissão e têm lugar eleições antecipadas. Foi isso que aconteceu em março de 2011", recordou.

Aníbal Cavaco Silva sustentaria que "o PSD é inequivocamente a única, verdadeira alternativa credível ao poder socialista", argumentando que Luís Montenegro está "tão ou mais bem preparado" do que ele próprio quando chefiou o poder executivo.

c/ Lusa

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