PS vai abster-se na votação do Orçamento do Estado

por RTP
António José Seguro afirma que o PS "não pode voltar as costas a Portugal" Tiago Petinga/Lusa

O Partido Socialista vai abster-se na votação do Orçamento do Estado para 2012, António José Seguro anunciou a decisão na reunião da Comissão Política Nacional do partido. A proposta do secretário-geral socialista foi aprovada com mais de dois terços dos votos favoráveis. Para o líder socialista está em causa o interesse nacional e a credibilidade do país e neste momento o PS não pode voltar as costas a Portugal.

A proposta de António José Seguro recolheu 68 votos a favor, 22 contra e duas abstenções.

“O sentido de voto do PS é um sinal político de que o Partido Socialista está empenhado em que Portugal saia da crise, em que os sacrifícios que são pedidos aos portugueses tenham e façam sentido. Este é um voto a favor da viabilidade da continuação de Portugal na Zona Euro”, afirmou António José Seguro aos jornalistas no final da reunião da Comissão Política Nacional do PS que durou mais de quatro horas.

“Este não é o meu Orçamento, discordo deste Orçamento, já o disse várias vezes, mas este é o meu país. Este país é Portugal e eu não volto as costas a Portugal”, afirmou o líder socialista que de seguida acrescentou que a sua “responsabilidade é manter o PS no universo da credibilidade”.

PS vai apresentar propostas
O PS vai abster-se na votação do Orçamento do Estado no próximo dia 30 de Novembro, mas vai propor alterações ao documento apresentado pelo Governo pela maioria PSD/CDS.

“Eu não me cauciono com este Orçamento, mas isso não me impede de apresentar propostas para o tornar menos mau. E é isso que vou fazer”, afirmou o líder socialista.

O secretário-geral socialista quer poupar um dos dois subsídios que o Executivo pretende cortar aos trabalhadores do sector público e aos pensionistas.

Segundo António José Seguro, “há medidas que o Governo apresentou e que não se justificam e, pelo menos poderiam poupar um salário dos funcionários públicos e dos pensionistas”.

“É profundamente injusto retirar dois salários aos funcionários públicos e aos pensionistas. Em alguns casos estamos até a falar em quatro salários, porque há famílias com dois funcionários públicos. É uma violência”, frisou Seguro.

O líder socialista afirmou ainda que, “pelas contas do PS, há uma folga muito importante, na proposta do Orçamento do Estado, suficiente para cobrir quase na totalidade um dos subsídios de férias ou de Natal, incluindo também os pensionistas. O que é necessário é cerca de mil milhões de euros”.

“Terei oportunidade de dizer aos portugueses de forma clara que há uma diferença muito grande entre este Governo e o PS, que este não é o Orçamento do PS, porque utiliza os funcionários públicos como bode expiatório e daremos voz para defender o s funcionários públicos e os pensionistas”, sublinhou.

As outras propostas de alteração que o PS vai apresentar têm como objetivo induzir mudanças na área das privatizações, promover o crescimento económico e apoiar as pequenas e médias empresas.

“Precisamos de fazer consolidação orçamental também por via de do crescimento económico”, acrescentou.

“O PS não é o partido do protesto e do bota abaixo, mas é um partido responsável e quer contribuir para que os sacrifícios pedidos aos portugueses tenham um sentido, apresentando propostas sérias e credíveis”, rematou.
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