Rui Rio. "As pessoas como centro e razão da acção"

por RTP
Rui Rio, no último dia do 37.º Congresso do PSD, em Lisboa Mário Cruz - Lusa

No seu discurso de encerramento do 37.º Congresso do PSD, Rui Rio, o novo presidente, deu voz aos seus planos para Portugal. E afirmou que estes exigem colocar "as pessoas como centro".

"Governar Portugal", sustentou Rio, passa por "ter as pessoas como centro e razão da ação": "Conscientes de que a todos nos cabem as obrigações que asseguram os direitos que queremos manter e reforçar".

O novo líder social-democrata voltou a citar Sá Carneiro. "O Homem é a nossa medida, nossa regra absoluta, nosso início, nossa meta", citou.

"Os objetivos de natureza social são a meta que nos tem de orientar", sustentou. Com o enfoque na defesa da classe média.

"A par de uma luta contra a pobreza, o Partido Social Democrata tem na classe média o principal foco da sua ação. Quanto maior e mais robusta ela for, menos pobreza teremos e melhor viverá a maioria dos portugueses", defendeu Rui Rio.

"O programa de ajustamento afetou particularmente a classe média, tendo colocado na sua franja inferior muitos portugueses que, sem responsabilidade direta, se viram a braços com dificuldades que antes nunca tinham conhecido", argumentou ainda Rio, para se propor "reforçar a qualidade e nível de vida desses portugueses" de "forma sustentada".
O discurso de Rui Rio na íntegra Natalidade e terceira idade
O novo líder destacou duas prioridades como orientação global, "a questão da fraca natalidade e o apoio à terceira idade".

"Há 50 anos nasciam mais de 250 mil crianças por ano em Portugal. Hoje nascem pouco mais de 80 mil. Se não adotarmos medidas urgentes e eficazes, estaremos a legar um pesado fardo para as gerações mais novas. Não temos o direito de fechar os olhos a esta realidade", frisou Rui Rio, apelando ao sentido de responsabilidade e a perceber porque é que "os casais portugueses têm poucos filhos".

O "combate à desertificação do interior", está intimamente ligado a estas prioridades políticas, sustentou.

Quanto à terceira idade, Rio defendeu que, "se o aumento da longevidade é um aspeto positivo da nossa sociedade, temos de ser capazes de lhe dar uma resposta social adequada".

Criar "soluções capazes de combater a solidão e promover um envelhecimento ativo e saudável", é a proposta, sublinhando Rui Rio que mesmo após o fim da vida profissional "as pessoas estão ainda plenamente capazes de poder continuar a construir a sua felicidade e de se sentirem úteis à sociedade".

"Tudo deve ser feito para facilitar a contribuição de todos para o trabalho da comunidade", defendeu. "Precisamos de caminhar para respostas mais humanas que valorizem a proximidade, que facilitem a integração na família e na comunidade", acentuou ainda.
Sustentabilidade da SS
Ambas as prioridades afetam a estratégia de Rio para a segurança Social, cujo sistema necessita de "ser pensado globalmente" sem descurar "a dimensão humana"."Impõe-se uma reforma que confira justiça, racionalidade económica e sustentabilidade à nossa Segurança Social", exortou, dizendo que é esse o desafio a colocar ao Governo, aos outros partidos e aos parceiros sociais.

A solidariedade inter-geracional é, afirma, "um imperativo moral e ético". Rui Rio aponta os holofotes aos problemas de sustentabilidade futura do sistema, em perigo devido à falta de nascimentos.

"No espaço de uma geração, teremos para cada idoso apenas um trabalhador e meio no ativo e teremos três idosos para cada jovem. Esta realidade vai exercer uma grande pressão sobre a Segurança Social", advertiu.

Ainda segundo Rio, "o valor da dívida implícita do sistema de pensões atinge valores muito altos em termos de percentagem do PIB".
Melhorar SNS e Escolas
Saúde e Educação marcaram por seu lados os ataques de Rui Rio à atual maioria de esquerda.

"A atual solução governativa" não tem sido capaz de responder "aos anseios das populações", referiu o presidente do PSD sobre o SNS.

"Urgências caóticas, serviços de internamento permanentemente sobrelotados, falta de recursos humanos, desertificação de médicos no interior do país, défice de investimento, deficiente manutenção dos equipamentos, atrasos nos serviços de emergência médica e cativações cegas são exemplos claros de deterioração a que o atual Governo tem conduzido o SNS", acusou.

Rio exige "um serviço público de saúde de qualidade" e "investimento no apetrechamento humano, nos equipamentos e na sensibilização da população" para um SNS "sustentável e moderno".

Quanto à Educação, a solução governativa está a reverter o que foi feito e os resultados antes alcançados, para pior, caracterizando "um regresso ao passado" de "experimentalismo pedagógico sem controlo e avaliação".

Rui Rio quer "fazer diferente", melhorar escolas e condições de ensino para que todos lhe tenham acesso e defende os docentes, como "mais do que animadores das salas de aula".

"Precisamos de lançar os pilares seguros de uma sociedade do conhecimento e da inovação que nos permitam colocar Portugal entre os melhores. Só assim poderemos aspirar a uma economia mais competitiva, que permita pagar melhores salários e dar melhores condições de vida a todos os portugueses", referiu.
A entrevista de Rui Rio à RTP durante o 37.º Congresso do PSD Fim do consumo como motor da economia
E, por falar em economia, Rui Rio quer por um fim a um modelo baseado no consumo.

"O motor do nosso crescimento tem de ser as exportações e o investimento", defendeu. "Exportações de produtos de maior valor acrescentado e investimento produtivo em sectores de elevada tecnologia", especificou.

"O aumento do consumo privado deve ser a consequência do crescimento e não o seu principal motor", afirmou Rio, propugnando uma ligação mais apertada entre universidades e tecido empresarial.

Já o atual Governo "não tem condições para levar a cabo políticas públicas capazes de induzir o crescimento económico". Isto por estar escorado pela esquerda parlamentar, na ótica do líder social-democrata.

"O fraco crescimento económico que Portugal tem conseguido e que mesmo assim já está a definhar é filho da conjuntura internacional favorável e não de qualquer semente que para o efeito tenha sido lançada por esta solução governativa do Partido Socialista", vincou o novo líder dos social-democratas.
pub