Sondagem. Governo chumba no desempenho mas deve completar legislatura

por Carlos Santos Neves (jornalista), Sara Piteira (grafismo) - RTP
Filip Singer - EPA

A avaliação é negativa. Mais de metade dos inquiridos na sondagem da Universidade Católica que a RTP divulga esta semana reprovam, como mau ou muito mau, o desempenho do Executivo de maioria absoluta. O impacto na credibilidade e na atuação do Governo da sucessão de casos e demissões sobressai. E o mesmo acontece no que toca à confiança das pessoas na equipa de António Costa. A remodelação é um cenário largamente aceite e João Galamba está à cabeça de uma lista de ministros que poderiam sair de cena. Para a maioria, porém, a legislatura deve ir até ao fim.

“Em geral, como avalia o desempenho do Governo que saiu das últimas eleições (janeiro de 2022)?”. Na resposta a esta pergunta da sondagem para RTP, Antena 1 e jornal Público, 52 por cento dos inquiridos consideram que o desempenho do Executivo tem sido mau ou muito mau.

Trinta e oito por cento avaliam o desempenho do Governo socialista como razoável, oito por cento como bom e apenas um por cento como muito bom.Na sondagem de fevereiro deste ano, 39 por cento encaravam como razoável o desempenho do Governo, contra 35 por cento que o consideravam mau e 18 por cento muito mau. Sete por cento classificavam-no como bom e 0,4 como muito bom.


Há um ano, 50 por cento entendiam que o Governo tinha um desempenho razoável. Vinte e quatro por cento consideravam-no mau e 13 por cento muito mau. Nove por cento avaliavam o desempenho governativo como bom e um por cento como muito bom.
Casos e demissões

A uma subamostra de 656 entrevistados foi perguntado se os sucessivos casos e demissões produzem impacto na credibilidade e na atuação do Governo. Oitenta e seis por cento respondem afirmativamente. Onze por cento descartam qualquer impacto.

Em fevereiro, 87 por cento dos inquiridos consideravam que os casos e demissões tinham impacto na credibilidade e na ação do Executivo, ao passo que 11 por cento respondiam negativamente.

Quanto ao impacto “na confiança das pessoas no Governo”, 83 por cento optam pelo sim. Outros 15 por cento respondem não.
Remodelação
Questionados sobre a necessidade de uma remodelação no elenco governativo, “substituindo alguns ministros”, uma larga maioria dos inquiridos – 78 por cento – responde que é esse o cenário preferível, contra 18 por cento que o afastam.

Em julho do ano passado, o cenário da remodelação era admitido por 56 por cento dos inquiridos, contra 31 por cento que respondiam negativamente. E há dois anos, em julho de 2021, 71 por cento respondiam sim.

À pergunta de resposta aberta sobre “que ministros ou ministras deveriam sair”, 37 por cento dos do total de inquiridos elegeram João Galamba, o atual titular da pasta das Infraestruturas e protagonista no caso que envolveu o SIS e o ex-adjunto Frederico Pinheiro.

Seguem-se o ministro da Saúde, Manuel Pizarro, apontado para a saída por 16 por cento dos inquiridos, o ministro das Finanças, Fernando Medina, designado por 12 por cento, e o ministro da Educação, João Costa, referido por 11 por cento.

A lista completa-se com a ministra da Agricultura, Maria do Céu Antunes, referida por dez por cento dos inquiridos, o ministro da Administração Interna, José Luís Carneiro, apontado por cinco por cento, e a ministra da Justiça, Catarina Sarmento e Castro, mencionada pela mesma percentagem.
Os melhores e piores do Governo
Parte dos inquiridos foi também chamada a designar os melhores e os piores ministros do atual Governo. João Galamba surge como o pior, tendo sido assim apontado por 36 por cento. João Costa figura também nesta tabela, referido por sete por cento, tal como Fernando Medina, designado por seis por cento.
Em julho de 2021, o então ministro da Administração Interna, Eduardo Cabrita, era apontado como pior governante por 34 por cento dos inquiridos, seguindo-se Marta Temido, à data ministra da Saúde, referida por seis por cento, e Francisca Van Dunem, ministra da Justiça, apontada por três por cento. Apontados como melhores ministros surgem Manuel Pizarro (nove por cento), José Luís Carneiro (sete por cento) e o ministro da Economia, António Costa Silva, apontado por cinco por cento dos inquiridos. Em julho de 2021, Marta Temido era eleita como a melhor ministra por 24 por cento dos entrevistados.

A manutenção de João Galamba no Governo, pela mão de António Costa, merece a avaliação negativa de 76 por cento dos inquiridos, contra 16 por cento para os quais “o primeiro-ministro fez bem”.
Legislatura até ao fim
Nesta sondagem do CESOP da Universidade Católica, os inquiridos pronunciaram-se também sobre o destino do Governo de maioria absoluta, com 75 por cento a considerarem mais provável que este cumpra o mandato até ao fim e 22 por cento a anteverem eleições legislativas antecipadas.

Em julho do ano passado, 69 por cento acreditavam no cenário de uma legislatura completa e 22 por cento numa queda do Executivo antes do termo do mandato.

De resto, 69 por cento dos inquiridos entendem que será “melhor para o país” que o Governo leve o mandato até ao fim. Vinte e sete por cento preferem eleições antecipadas.

Ficha técnica

Este inquérito foi realizado pelo CESOP – Universidade Católica Portuguesa para a RTP, Antena1 e Público entre os dias 6 e 15 de julho de 2023. O universo alvo é composto pelos eleitores residentes em Portugal. Os inquiridos foram selecionados aleatoriamente a partir duma lista de números de telemóvel, também ela gerada de forma aleatória. Todas as entrevistas foram efetuadas por telefone (CATI). Os inquiridos foram informados do objetivo do estudo e demonstraram vontade de participar. Foram obtidos 1006 inquéritos válidos, sendo 45% dos inquiridos mulheres. Distribuição geográfica: 32% da região Norte, 20% do Centro, 34% da A.M. de Lisboa, 7% do Alentejo, 4% do Algarve, 2% da Madeira e 2% dos Açores. Todos os resultados obtidos foram depois ponderados de acordo com a distribuição da população por sexo, escalões etários e região com base no recenseamento eleitoral. A taxa de resposta foi de 29%. A margem de erro máximo associado a uma amostra aleatória de 1006 inquiridos é de 3,1%, com um nível de confiança de 95% (Algumas perguntas foram colocadas apenas a uma subamostra de 656 entrevistados. Nestes casos, a margem de erro máxima é de 3,8%).
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