Sondagem. Portugueses não acreditam que eleições resultem em maioria estável

por Joana Raposo Santos - RTP
Na sondagem da Católica, apenas 24% dos inquiridos disseram acreditar numa maioria estável como resultado das eleições antecipadas. Homem de Gouveia - Lusa

Sessenta e seis por cento dos portugueses não acreditam que as eleições legislativas de 30 de janeiro resultem numa maioria estável. A conclusão é de uma sondagem da Universidade Católica para a RTP sobre as eleições legislativas, que dá ainda conta do possível futuro do PSD.

Na sondagem da Católica, apenas 24% dos inquiridos disseram acreditar numa maioria estável como resultado das eleições antecipadas e 10% não responderam.

Questionados sobre a preferência por Governo com ou sem maioria absoluta de um só partido, 54% disseram preferir maioria absoluta, em contraste com os 42% que responderam negativamente.
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Mais especificamente, 28% dos inquiridos consideraram que seria melhor para o país ter um Governo de um só partido com maioria absoluta.

Entre os inquiridos, 25% preferem um Governo apoiado pelo Partido Socialista e pelos partidos à esquerda, enquanto 20% preferem um Governo de Bloco Central, apoiado por PS e PSD.

Por último, 18% consideram que seria melhor para o país um Governo apoiado por PSD e partidos à direita enquanto uma percentagem considerável de inquiridos (10%) dizem não saber ou não querer responder.

“Cruzando estas respostas com votação em 2019, constata-se que a maioria dos eleitores à esquerda do PS são favoráveis a uma solução de Governo apoiada por PS, CDU e BE”, refere o relatório da Católica.

“Já os eleitores do PS, dividem-se entre os que preferem um Governo apoiado por uma maioria absoluta de um só partido (39%), os que preferem uma solução de apoio à esquerda (29%), e os que apoiam uma solução PS+PSD (22%)”.

À direita, por outro lado, “em todos os partidos a solução preferida pela maioria passa por um Governo apoiado por PSD e partidos à direita”.
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Os inquiridos foram convidados a imaginar que, nas eleições antecipadas, o PS não tem deputados suficientes para formar Governo sozinho e os partidos à sua direita também não conseguem viabilizar um Governo de direita.

Uma maioria de 59% disse acreditar que, nesse cenário, PS e partidos à esquerda chegariam a um acordo. Ainda assim, outros 32% disseram não acreditar que seja possível um novo entendimento entre PS e esquerda.

“Cruzando estas respostas com a votação em 2019, constata-se que a maioria dos eleitores de PS, BE e CDU acreditam que, perante o cenário colocado, estes partidos se entenderiam para viabilizar uma solução de Governo”, elucida o relatório da sondagem.
PSD. Voto dependente do líder?
Uma parte do inquérito da Católica visou especificamente os destinos do PSD. Dos inquiridos que disseram ter intenção de votar nos social-democratas, 73% responderam que votariam neste partido independentemente de o líder ser Rui Rio ou Paulo Rangel.

Outros 22%, porém, disseram só votar PSD caso o líder seja Rui Rio; 5% só votam se o líder for Paulo Rangel.

Aos indivíduos com sentido de voto virado para outros partidos, foi perguntado se existia alguma possibilidade de votarem no PSD: 69% responderam negativamente, enquanto 11% responderam que sim, mas apenas se o líder for Rui Rio, e 8% disseram também que sim, mas se o líder for Paulo Rangel.
PSD. Rui Rio ou Paulo Rangel?
Foi também perguntado aos inquiridos nesta sondagem quem consideravam o melhor líder para o PSD: 43% responderam ser Rui Rio, contra 32% que optaram por Paulo Rangel. Vinte e quatro por cento disseram não saber.

À questão “qual dos dois terá mais hipóteses de chegar a primeiro-ministro”, 45% apostaram em Rio, enquanto 38% responderam Rangel. Dezoito por cento não sabem ou não responderam.

Interpelados sobre “quem seria melhor primeiro-ministro”, a tendência repetiu-se: 47% responderam Rui Rio e 29% Paulo Rangel; 24% não souberam ou não quiseram responder.

A Universidade Católica quis ainda dar respostas a estas questões focando-se apenas nos potenciais votantes do PSD (os que disseram que votariam nesse partido e os que não rejeitaram a possibilidade).

Neste caso, 48% consideram que Rui Rio seria o melhor líder para os social-democratas e 41% acham que seria Paulo Rangel.

À questão "Qual dos dois terá mais hipóteses de chegar a primeiro-ministro", os resultados invertem-se e trazem uma novidade: 48% acham que é Paulo Rangel, enquanto 40% acreditam que é Rui Rio.

Quanto à pergunta “quem seria melhor primeiro-ministro?”, regressou a preferência pelo atual líder, com 53% a responderem Rio e apenas 36% Rangel.


Ficha Técnica

Este inquérito foi realizado pelo CESOP-Universidade Católica Portuguesa para a RTP, Antena 1 e Público entre os dias 29 de outubro e 4 de novembro de 2021. O universo alvo é composto pelos eleitores residentes em Portugal. Os inquiridos foram selecionados aleatoriamente a partir de uma lista de números de telemóvel, também ela gerada de forma aleatória. Todas as entrevistas foram efetuadas por telefone (CATI). Os inquiridos foram informados do objetivo do estudo e demonstraram vontade de participar. Foram obtidos 878 inquéritos válidos, sendo 42% dos inquiridos mulheres, 29% da região Norte, 23% do Centro, 33% da A.M. de Lisboa, 6% do Alentejo, 4% do Algarve, 3% da Madeira e 2% dos Açores. Todos os resultados obtidos foram depois ponderados de acordo com a distribuição da população por sexo, escalões etários e região com base no recenseamento eleitoral e nas estimativas do INE. A taxa de resposta foi de 43%. A margem de erro máximo associado a uma amostra aleatória de 878 inquiridos é de 3,3%, com um nível de confiança de 95%.
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