Objetos nazis à venda deixam Amazon debaixo de fogo

por RTP
Alguns dos objetos são dirigidos para crianças Abhishek Chinnappa - Reuters

No início do mês, um relatório mostrou que a Amazon disponibilizava objetos nazis. Os responsáveis pelo documento acusam a empresa de não bloquear eficazmente a plataforma a organizações de ódio, acabando assim por servir as suas ideologias.

Suásticas nazis, bandeiras confederadas e até pequenos soldadinhos de brincar. Encontra-se tudo à distância de um clique no site da Amazon.

Num relatório publicado no início deste mês, duas organizações norte-americanas – a Partnership for Workin Families e o Action Center on Race and Economy – apontaram para o facto de a Amazon permitir que se disponibilizem vários objetos de caráter racista.

Entre estes encontram-se objetos com simbologia nazi, desde colares com suásticas, chapéus que imitam os utilizados pelas SS alemãs e autocolantes da águia nazi.

A plataforma também disponibiliza bandeiras confederadas e vários objetos com o sapo Pepe - considerado um símbolo de ódio e um ícone do movimento supremacista branco americano.

Vários destes artigos são dirigidos a crianças, sob a forma de figuras de ação, fidget spinners, mochilas e até baby-grows.
“Quando a Mesquita vem para a Cidade”

Na Amazon ainda é possível encontrar 226 livros e 12 álbuns de música que promovem o ódio e a intolerância racial e religiosa. De entre alguns títulos o relatório listou os livros “Branco como Tu” e “Quando a Mesquita vem para a Cidade”.

A situação não é nova. Em 2012, a comunicação social já noticiava a disponibilização de artigos de caráter racista na Amazon.

Segundo as políticas de utilização da empresa, estão proibidos “produtos que promovam ou glorifiquem ódio, violência, racismo, sexismo ou intolerância religiosa, bem como organizações que promovam esses pontos de vista.”

Deste modo, os autores do relatório acusam a Amazon de não reforçar as suas políticas de forma consistente. “A Amazon tem um historial de responder tarde – ou de nem sequer responder – à pressão pública que é feita nesta matéria”, lê-se no documento.

A acrescentar a isto, é de relembrar que em 2015 a plataforma comprometeu-se a remover artigos que incluíam a bandeira confederada. A decisão também foi adotada pelo eBay, Etsy e Sears, no seguimento do ataque a uma igreja em Charleston, onde morreram nove afroamericanos.
Porque é que este assunto é importante?
O número de grupos ditos de ódio tem aumentado nos Estados Unidos. Em 2017 houve registo de 954 organizações, mais 37 do que no ano anterior.
Segundo o Southern Poverty Law Center, um grupo de ódio é qualquer organização cujas crenças e práticas ataquem ou difamem um conjunto de pessoas. Geralmente, estas pessoas são atacadas por características que lhes são inerentes (como a cor da pele, por exemplo).

O maior número de grupos foi registado em 2011 - 1018 -, cifra que só baixou significativamente em 2014, para 784 grupos. Os dados foram adiantados pelo Southern Poverty Law Center (SPLC).

Em 2017 morreram 18 pessoas nos Estados Unidos às mãos de supremacistas brancos, de acordo com a Anti-Defamation League (ADL).

Com o aumento do número de grupos de ódio e de violência nos Estados Unidos, as duas organizações responsáveis pelo relatório alertam para o facto de a Amazon colocar ao dispor destes movimentos uma plataforma onde podem afirmar a sua ideologia.

No documento, as organizações apelam para que a Amazon tome uma posição pública contra os movimentos de ódio e as suas ideologias, para além de incitarem a plataforma a jurar publicamente que não irá lucrar com o ódio.
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